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O Japão pretende reduzir a radiação pela metade em dois anos nas áreas contaminadas pela crise nuclear de Fukushima, removendo solo, plantas e árvores, além de limpar os telhados de construções, em uma região que se expande por milhares de quilômetros quadrados.

A limpeza custará dezenas de bilhões de dólares, e é possível que milhares de moradores que deixaram suas casas não possam retornar durante anos, ou nunca.

A estimativa é de que a radiação na área contaminada diminua naturalmente em 40 por cento em dois anos, e o governo quer acelerar o processo em outros 10 por cento por meio de esforços humanos, segundo diretrizes para uma limpeza divulgada nesta sexta-feira.

"Temos como objetivo reduzir os níveis de radiação pela metade nos próximos dois anos nas áreas afetadas, e em 60 por cento nesse mesmo período para locais frequentados por crianças", disse o ministro da Crise Nuclear Goshi Hosono em coletiva de imprensa.

Outro importante objetivo do governo é reduzir a radiação para um nível abaixo de 20 milisieverts por ano, índice limite para a retirada de populações, em áreas onde esse número foi ultrapassado. Algumas áreas dentro da zona de exclusão têm níveis que superam esse valor, segundo dados do governo divulgados nesta semana.

"Queremos alcançar esse objetivo em um período mais curto. A tecnologia continua avançando, e com financiamento e esforços suficientes do governo isso pode ser feito", disse Hosono.

O Japão proibiu a população de entrar dentro de um raio de 20 quilômetros ao redor da usina de Fukushima Daiichi, que teve seus sistemas de resfriamentos dos reatores desativados pelo terremoto e tsunami de 11 de março, provocando o derretimento das barras de combustível e uma crise de radiação. Cerca de 80 mil pessoas foram retiradas da área próxima à usina.

A diretriz também estipula a rigorosa limpeza de áreas frequentadas por crianças, como escolas e parques, para reduzir os níveis de radiação nesses locais para índices abaixo de 1 milisievert por ano.

A área total que precisa ser limpada poderia ser entre 1 mil e 4 mil quilômetros quadrados, cerca de 0,3 a 1 por cento da área terrestre total do Japão, e custará entre alguns trilhões de ienes e 10 trilhões de ienes (130 bilhões de dólares), segundo especialistas.

Um grande problema que o governo enfrenta é que a retirada da camada superficial do solo poderia prejudicar as áreas agrícolas, e pretende elaborar diretrizes para lidar com essa questão no próximo mês.

O governo disse que assumiria total responsabilidade pelo solo e os resíduos retirados no processo de limpeza, mas que ainda não tem uma solução permanente para armazenar o material radioativo, que teria de ser guardado por comunidades locais por enquanto.

"Reitero que a província de Fukushima não será o destino final para o tratamento dos resíduos", disse Hosono.

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