O Japão reconheceu nesta terça-feira (20) a primeira possível vítima de vazamento de radiação da usina nuclear de Fukushima, um funcionário que foi diagnosticado com câncer após o acidente de 2011.
O fato de o Ministério da Saúde japonês ter admitido a radiação como possível causa da doença pode afetar os esforços de recuperação do desastre, já que o governo e a indústria nuclear vêm tendo dificuldades para sustentar que os efeitos da radiação para a saúde da população têm sido mínimos.
O reconhecimento também pode aumentar o pagamento de indenizações, que já chegaram a mais de US$ 59 bilhões até julho deste ano.
Histórico
Mais de 160 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas após o derretimento dos reatores da planta nuclear de Fukushima Daiichi, causado por um terremoto seguido de tsunami em março de 2011, no pior acidente nuclear do mundo desde Chernobyl, 25 anos antes.
Centenas de mortes foram atribuídas ao caos das remoções de pessoas durante a crise e em função do sofrimento e do trauma psicológico que os refugiados viveram desde então, mas o governo vinha dizendo que a radiação não era uma das causas.
O funcionário supostamente vítima de radiação, que tem cerca de 30 anos e trabalhava para uma empreiteira, atuou na usina Fukushima Daiichi, da Tokyo Electric Power Co. , e em outras instalações nucleares, informou uma autoridade do Ministério da Saúde.
De uma exposição radioativa total de 19,8 millisieverts (mSv), o funcionário recebeu uma dose de 15,7 mSv entre outubro de 2012 e dezembro de 2013 em Fukushima, disse um funcionário do ministério.
Embora a exposição tenha sido menor do que o limite anual de 50 mSv para trabalhadores da indústria nuclear, o governo decidiu que não pode descartar que a leucemia do funcionário seja resultante da radiação, afirmou a autoridade.
A Tokyo Electric, conhecida como Tepco, também está enfrentando uma série de ações legais de pessoas que procuram indenizações em função da tragédia.
Dentro da planta, a Tepco teve dificuldades para controlar a situação. A empresa estimou que retirar o combustível derretido dos reatores danificados e limpar o local irão custar dezenas de bilhões de dólares e levar décadas.