Tóquio - O ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, saiu dos bastidores para se tornar o próximo primeiro-ministro do país em uma eleição disputada que se transformou em uma batalha mais entre as facções internas do Partido Democrata do Japão (PDJ) do que um debate de propostas políticas.
Noda, de 54 anos, derrotou o ministro de Indústria e Comércio Exterior Banri Kaieda por 215 votos a 177, em um segundo turno realizado após a exclusão de outros três concorrentes, já que ninguém conseguiu a maioria absoluta dos votos.
Kaieda foi derrotado mesmo tendo o apoio de Ichiro Ozawa, "cacique" do PDJ, e de sua facção de cerca de 120 parlamentares. Ozawa está suspenso do PDJ enquanto aguarda julgamento em um escândalo de financiamento de campanha, motivo pelo qual não pôde votar.
Ministro de Finanças desde junho do ano passado, Noda tem sido considerado um conservador de mão firme em matéria fiscal em meio à turbulência econômica internacional e diante de uma série de choques que atingiram a economia japonesa, em particular depois do terremoto seguido de tsunami de 11 de março.
A curta campanha de dois dias demonstrou diferenças relativamente sutis entre os candidatos. Todos defenderam uma retirada gradual da energia nuclear, atribuíram elevada importância à aliança com os Estados Unidos na área de segurança e reconheceram a necessidade de eventualmente aumentar o imposto sobre consumo para financiar os custos da política de bem-estar social do país.
Na questão de como financiar a reconstrução da infraestrutura destruída pelo terremoto, Noda foi mais incisivo na defesa dos aumentos de impostos, dizendo que a implementação de um aumento temporário é inevitável.
Instabilidade
Noda será o sexto primeiro-ministro do Japão em cinco anos, depois de 14 meses de ocupação do posto por Naoto Kan, o último de uma série de chefes de governo de vida curto, que saíram dos dois principais partidos do país.
Apesar da vitória, a candidatura de Noda não conquistou a simpatia da opinião pública. Numa pesquisa divulgada na manhã de ontem pelo jornal Yomiuri Shimbun, Noda angariou apenas 9% dos votos.
O ex-ministro de Relações Exteriores Seiji Maehara, que na eleição ficou em terceiro com 74 votos, liderou a pesquisa com 48% de apoio popular. O apoio de Kaieda entre os cidadãos consultados na pesquisa foi de 12%.