História
Passado militarista faz vizinhos asiáticos ficarem em alerta
Agência O Globo
O passado militarista do Japão foi relegado aos livros de História em 1945, com sua derrota na Segunda Guerra Mundial. No entanto, os vizinhos asiáticos que sofreram ataques japoneses e tiveram seus territórios ocupados não esquecem aquele período com tanta facilidade. E ficam em alerta diante de qualquer sinal de que o país possa tornar-se, novamente, uma potência militar. Em 1895, venceu a China numa guerra, tomando-lhe Taiwan e as ilhas Senkaku, e em 1910 anexou a Coreia, tornando o país uma colônia. Na década de 1930, sob um governo fascista, o Japão assinou um pacto militar com a Alemanha de Hitler e novamente se lançou sobre a China, em 1932 e 1937. O segundo ataque iniciou um conflito que emendou com a participação japonesa na Segunda Guerra Mundial, marcada pelo bombardeio à base naval americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941.
US$ 232,4 bilhões é o orçamento militar do Japão para os próximos cinco anos, um aumento de 5% em relação ao programa anterior. O montante inclui gastos com a compra de drones, submarinos, sistemas antimísseis, jatos, aviões de decolagem vertical e veículos anfíbios.
O Japão anunciou ontem um aumento com gastos militares, renovando seu arsenal e reforçando a proteção de seu território para contrabalançar a ascensão da China. A decisão reforça uma recente escalada de tensão na Ásia: o anúncio ocorre duas semanas após a China criar uma zona de defesa aérea sobre as ilhas Senkaku (Diaoyu para os chineses), disputadas pelos dois países, e em meio a rumores de um novo teste nuclear iminente na Coreia do Norte.
O governo chinês reagiu rapidamente. "Apelamos ao Japão para que reveja sua história, siga o ritmo de desenvolvimento pacífico e respeite as preocupações justas dos países da região", disse Hua Chunying, porta-voz do governo.
Mas há sinais de mudança em Tóquio. O governo do primeiro-ministro nacionalista Shinzo Abe divulgou, pela primeira vez, uma Estratégia de Segurança Nacional, que inclui um plano de defesa com orçamento ampliado entre 2014 e 2019.
As diretrizes confirmam a intenção de Abe de redefinir o papel das chamadas Forças de Autodefesa, limitado durante todo o pós-guerra pela Constituição pacifista que impede o envolvimento do Japão em conflitos armados. Os documentos deixam clara a disposição para defender as ilhas Senkaku, reivindicadas pelos chineses e fonte de tensão no Pacífico.
Embora ressalte o respeito aos princípios de cooperação internacional e à manutenção da paz, a estratégia de defesa prega um papel "mais pró-ativo" para as forças japonesas. O texto também abre caminho para a revisão da proibição à exportação de armas em vigor desde 1967.
O orçamento militar para os próximos cinco anos (US$ 232,4 bilhões, um aumento de 5% em relação ao programa anterior) inclui gastos com a compra de drones, submarinos, sistemas antimísseis, jatos e dezenas de Ospreys (aviões de decolagem vertical) e veículos anfíbios, entre outros equipamentos.
Armas
O plano militar japonês:
1 - Principais itens da lista de compras japonesa: 2 destróieres com sistema antimíssil; 5 submarinos; 52 veículos anfíbios; 28 caças F-35; 17 aeronaves Boeing Osprey de decolagem vertical; drones.
2 - Os maiores gastos militares (dados de 2012, em bilhões de reais): EUA com 1.583,60; China com 385,4*; Rússia com 210,6*; Reino Unido com 141,2; Japão com 137,7.
*Números aproximados.
Fonte: Stockholm International Peace Research Institute (Sipri)