Cercas foram erguidas em vários distritos da maior cidade chinesa para fechar ruas e entradas de complexos de apartamentos onde casos foram registrados| Foto: EFE/EPA/ALEX PLAVEVSKI
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No final de março, as autoridades chinesas impuseram um lockdown em Xangai, maior cidade do país, com cerca de 25 milhões de habitantes, devido a um surto de casos de Covid-19, e as medidas absurdas adotadas durante o confinamento têm sido denunciadas nas redes sociais: crianças infectadas separadas dos pais, cachorros mortos por servidores públicos nas ruas, comida jogada fora enquanto a população passa fome...

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Desde a semana passada, outra ação autoritária tem sido adotada contra a população de Xangai: cercas foram erguidas em vários distritos para fechar ruas e entradas de complexos de apartamentos onde casos foram registrados, transformando regiões da cidade em verdadeiras jaulas para seres humanos. Uma das áreas afetadas é o distrito financeiro da cidade, Pudong.

As cercas têm cerca de dois metros de altura e possuem apenas uma pequena abertura para passagem de servidores que atuam na prevenção durante a pandemia. Todas as pessoas que vivem dentro do que tem sido chamado de “áreas fechadas” estão proibidas de sair, mesmo que não tenham Covid-19.

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“Isso é muito desrespeitoso com os direitos das pessoas, usar barreiras de metal para prendê-las como se fossem animais domésticos”, afirmou um usuário da rede social Weibo. Vídeos publicados online mostram moradores de Xangai revoltados tentando derrubar cercas.

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Fotos: EFE/EPA/ALEX PLAVEVSKI

Segundo informações do Daily Mail, os bairros da maior cidade chinesa estão sendo divididos em três categorias, com base no risco de transmissão, e o sistema de “áreas fechadas” estaria sendo adotado nas áreas que enfrentam os controles mais rígidos.

Um morador de Xangai, que pediu para não ser identificado, disse por telefone à BBC que uma corrente foi colocada no portão principal do complexo de apartamentos onde ele mora há três semanas, supostamente depois que um vizinho testou positivo para o novo coronavírus. Na quinta-feira passada (21), uma cerca foi colocada sem qualquer aviso prévio.

“Ninguém nos disse o motivo dessa instalação. Ninguém pode sair. Eu me sinto impotente. Não tem como saber quando o bloqueio vai acabar”, desabafou. “Se sua área é cercada, e se ocorrer um incêndio? Acho que ninguém em sã consciência pode fechar as casas das pessoas.”

A China prega um modelo de Covid-zero quando surtos da doença são registrados, com lockdowns severos sendo impostos em bairros e até cidades inteiras.

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Em Xangai, apesar da violência das ações impostas pelas autoridades, as infecções e os óbitos por Covid-19 se acumulam. A cidade já registrou mais de 500 mil casos e 190 mortes neste surto, 52 delas apenas na segunda-feira (25).

A prefeitura de Pequim determinou que cerca de 75% da população da capital chinesa faça três testes de Covid-19 até o final da semana, após registrar vários casos da doença nos últimos dias, e já há receio de que seja implantado na cidade um lockdown semelhante ao de Xangai.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]