Ouça este conteúdo
O economista liberal Javier Milei foi o primeiro colocado nas primárias eleitorais da Argentina, que aconteceram nesse domingo (13). Alberto Fernandez, o atual presidente, não irá concorrer no próximo pleito, marcado para o dia 22 de outubro.
O candidato, fundador da coalizão La Libertad Avanza (em tradução livre, A Liberdade Avança), pela qual disputa as eleições, foi escolhido por mais de 30% dos argentinos que foram às urnas, superando o macrismo do Juntos por el Câmbio (Juntos pela Mudança) e à coalização peronista-kirchnerista Unión por la Patria (União pela Pátria).
Entre as promessas do economista "pró-mercado", caso vença as eleições presidenciais, estão a de cortar gastos públicos, dolarizar o país, extinguir o Banco Central, acabar com o "marxismo cultural" e reduzir impostos e regulamentações.
Quem é Javier Milei
- Natural de Buenos Aires, Milei é um economista liberal de 52 anos, formado na Universidade argentina de Belgrano;
- Admirador do ex-presidente dos EUA Donald Trump e amigo da família Bolsonaro, o candidato é um defensor aberto do livre mercado, inclusive já se afirmou simpatizante do anarcocapitalismo;
- Desde 2021, ocupa o cargo público de deputado federal;
- Sua principal proposta é a dolarização da Argentina. Segundo ele, a medida irá controlar a inflação, por meio da erradicação do peso, colocando a moeda americana, que já é comercializada dentro do país, como a principal para negociações;
- Dentro das pautas de costume, o economista é dividido: por um lado, é contra o aborto, por outro, a favor do casamento homoafetivo;
- Milei é um grande opositor do kirchnerismo. Em um de seus pronunciamento, ele prometeu "dar um fim" no que ele considera uma "casta política no país", convocando os eleitores que não participaram das primárias a se juntarem com ele na "revolução liberal" em outubro.
Projeção para as eleições
O especialista em Direito Eleitoral Renato Ribeiro de Almeida, doutor em Direito do Estado pela USP, explicou à Gazeta do Povo que há uma possibilidade significativa de vitória de Milei nas eleições de outubro.
"Entendo que as chances dele (Javier Milei) vencer as eleições presidenciais em outubro são grandes, uma vez que ganhou na maior parte das províncias argentinas", destacou.
Para o analista, a surpreendente maioria de votos para o liberal está relacionada a "uma descrença da política, o que abre espaço para crescimento de outras figuras políticas menos tradicionais".
Um dos efeitos imediatos da vitória oficial do economista, de acordo com Almeida, é um isolamento da Argentina de países vizinhos e de acordos econômicos como, por exemplo, do Mercosul.
As eleições presidenciais estão marcadas para acontecer no dia 22 de outubro. A segunda coalização mais votada nas primárias, com 28,2%, foi a de centro-direita Juntos pela Mudança, liderada pela ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich, seguida do peronismo, que ocupou o terceiro lugar, com 27,11%, cujo principal nome é o atual Ministro da Economia, Sergio Massa, apoiado pelo presidente Alberto Fernandez.