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A ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, é levada por um policial e o seu filho para uma ambulância que a levou de volta à prisão em La Paz, 18 de agosto
A ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, é levada por um policial e o seu filho para uma ambulância que a levou de volta à prisão em La Paz, 18 de agosto| Foto: EFE/Stringer

Jeanine Áñez, ex-presidente interina da Bolívia, recebeu atendimento médico na madrugada deste sábado (21) depois de tentar se "autolesionar" na prisão. Segundo um de seus advogados, Áñez teria tentado suicídio.

"Lamento informar ao povo boliviano que a senhora Jeanine Áñez teria tentado se autolesionar na madrugada do dia de hoje; no entanto, informamos que a sua saúde está estável e que ela ficou com pequenos arranhões em um dos braços e que não há nada com que se preocupar", afirmou o ministro de Governo da Bolívia, Eduardo Del Castillo.

Logo em seguida, o entorno da ex-presidente confirmou o episódio e deu a sua versão: "Trata-se de uma tentativa de suicídio que se deve a um pedido de ajuda", afirmou Luis Guillén, um dos advogados de Áñez, ao jornal boliviano Pagina Siete. O advogado disse que a tentativa foi consequência de "abusos" aos quais a ex-presidente está submetida.

Segundo Guillén afirmou ao jornal, nos último cinco meses de detenção, o Regime Penitenciário administrou a ela medicamentos de forma inadequada, além de fármacos que causaram efeitos adversos, o que pode ter causado um quadro de "depressão e paranoia" que teria levado à tentativa de suicídio.

Prisão preventiva

Depois que Luis Arce, do Movimento ao Socialismo, assumiu a presidência da Bolívia, Áñez foi presa preventivamente. Ela foi detida em sua residência, no departamento de Beni, em 13 de março, acusada de sedição e terrorismo durante os eventos que levaram à renúncia e fuga do ex-presidente Evo Morales, em novembro de 2019. No início de agosto, a sua prisão preventiva foi prorrogada por mais seis meses por um juiz anticorrupção da capital.

Há casos abertos contra a ex-mandatária pelos chamados massacres de Sabaca e Senkata, também no período de convulsão social ocorrido no fim de 2019 na Bolívia, pelos quais ela é acusada de genocídio. Nesses casos, pelo menos 20 pessoas morreram por armas de fogo, além de outras 200 que foram feridas com balas de borracha. O governo de Áñez é acusado de cometer tortura a opositores e prisões arbitrárias.

Nesta semana, um grupo de investigação de especialistas independentes (Giei) concluiu que houve "massacres e graves violações aos direitos humanos" na Bolívia entre setembro de dezembro de 2019. Segundo o informe, encomendado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), pelo menos 38 pessoas morreram e centenas ficaram feridas durante os protestos populares naquele período. Houve ainda casos de tortura, agressões sexuais e atos de racismo.

As violações aos direitos humanos envolveram tanto o governo de Evo Morales quanto o de Jeanine Áñez.

Ex-presidentes exigem libertação de Áñez

A defesa de Jeanine Áñez, ex-presidentes da Bolívia e autoridades locais pediram a libertação da ex-presidente após ela ter sido atendida por causa de lesões na prisão.

O ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), da Comunidade Cidadã, pediu o "fim do encarceramento político" e que Jeanine Áñez possa se defender "em liberdade". Pelo Twitter, Mesa disse que as explicações sobre o estado de saúde dela "não são sérias ou confiáveis".

O ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002) também pediu que Áñez se defenda em liberdade que sua vida e integridade sejam respeitadas. Ele pediu "humanidade" ao presidente Luis Arce.

Já o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, da oposição, disse que o governo de Arce "e sua política revanchista estão superando todos os limites" e que estão lidando com a saúde de Áñez com "comportamento desumano".

A defesa de Áñez também pediu que ela possa se defender em liberdade e que passe para prisão domiciliar.

Os ex-presidentes Carlos Mesa, Jaime Paz Zamora (1989-1993) e Jorge Quiroga Ramírez manifestaram preocupação com a saúde de Áñez, que sofre de hipertensão, em uma carta assinada em conjunto, em que pedem ao Órgão Judicial e ao Ministério Público que preservem a integridade física e psicológica da ex-presidente.

Os antigos mandatários salientam na carta que os laudos médicos e as imagens da ex-presidente evidenciam a "deterioração do seu estado de saúde", pelo que consideram ser "crucial e urgente rever a sua situação jurídica que lhe permita ela se defender", resguardando seu direito à saúde.

"Manter a ex-presidente detida pode ter consequências desastrosas para ela, sua família e o país", diz a carta que enfatiza colocar os direitos humanos "acima de qualquer disputa política".

Nas últimas semanas, Áñez deixou a prisão de Miraflores, em La Paz, para se submeter a vários exames médicos, nos quais foi vista várias vezes em uma cadeira de rodas e com dificuldade para andar.

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