Um jihadista decepcionado entregou à rede de televisão britânica Sky News uma lista com os nomes de 22 mil membros da organização Estado Islâmico (EI) com seus endereços, telefones e contatos familiares, informou o canal de notícias.
Esta informação, que segundo os especialistas pode ter efeitos devastadores para o grupo que controla amplas faixas da Síria e do Iraque e que reivindica atentados letais na África e nos países ocidentais, estão contidas em um dispositivo USB que teria sido roubado do chefe da polícia interna da organização jihadista.
A documentação é composta por formulários de adesão ao EI, com dados de milicianos de 51 países.
“A Sky News informou as autoridades sobre o material obtido”, escreveu o canal em seu site na noite de quarta-feira.
Nenhuma instância governamental britânica havia feito até a manhã desta quinta-feira comentários a respeito.
EUA têm primeiro condenado na Justiça por colaborar com EI
O americano Tairod Pugh, de 48, ex-membro da Força Aérea dos EUA, foi considerado culpado por um júri popular, nesta quarta-feira, por tentar fornecer material de apoio à organização Estado Islâmico (EI), informou a Procuradoria federal de Nova York. Segundo a mesma fonte, ele é o primeiro indivíduo condenado após julgamento nos EUA por tentar viajar para se unir ao EI. Pugh foi detido em 16 de janeiro de 2015, no estado vizinho de Nova Jersey. O réu pode receber até 35 anos de prisão. A sentença deve ser anunciada no final do ano.
Segundo a Procuradoria, o ex-membro da Força Aérea tentou se unir ao EI no início de 2015, viajando do Egito para a Turquia, com a ideia de entrar na Síria. As autoridades turcas lhe negaram o ingresso no país e enviaram-no de volta ao destino anterior. Pouco depois, as autoridades egípcias deportaram Pugh para os Estados Unidos, onde foi detido. Também foi apreendido o material ligado à acusação contra ele, incluindo um computador com 180 vídeos “jihadistas” e com informação sobre os postos fronteiriços entre Turquia e Síria.
Pugh se converteu ao Islã em 1998. Trabalhou como especialista em sistema de instrumentos de aviação na Força Aérea americana e, depois, em diversas companhias nos EUA e no Oriente Médio. Viveu um ano fora até ser preso.
Grupo sanguíneo e avaliação do nível de islamismo
Um ex-chefe da luta antiterrorista nos serviços de inteligência britânicos, Richard Barrett, afirmou no Twitter que as listas constituem “uma fonte de valor inestimável”.
O material conteria informações sobre numerosos jihadistas ainda não identificados na Europa do Norte, Estados Unidos, Canadá, África do Norte e Oriente Médio.
A Sky News reproduziu estes formulários de 23 perguntas, que permitem identificar os recrutas por grupo sanguíneo ou pelo nome de solteira de suas mães e que levam anotações sobre o “nível de compreensão da sharia” (a lei islâmica) dos membros do EI.
“Isso pode representar um avanço colossal” na luta contra o EI, afirmou Chris Phillips, diretor-geral do International Protect and Prepare Security Office, uma assessoria em matéria de luta antiterrorista.
A entrega do material “demonstra a que ponto o EI é vulnerável aos seus membros que se voltam contra ele”, disse o especialista à AFP.
Nas listas também aparecem muitos jihadistas que já estavam fichados pelos serviços britânicos, como Abdel-Majed Abdel Bary, um ex-rapper do oeste de Londres que após seu alistamento no EI publicou no Twitter uma foto sua com a cabeça de uma pessoa decapitada na mão.
Também figura Junaid Hussain, um hacker do EI, procedente de Birmingham, eliminado em um ataque de drone em agosto passado.
Milhares de cidadãos europeus se uniram ao EI, que em 2014 proclamou a instauração de um califado entre Síria e Iraque, e as autoridades de seus países temem que retornem para cometer atentados.
Os documentos foram roubados por um indivíduo identificado sob o pseudônimo de Abu Hamed, um ex-combatente do Exército Sírio Livre (ESL) que aderiu ao EI.
Abu Hamed entregou o dispositivo USB a um jornalista na Turquia, explicando que havia abandonado o EI por considerar que “os valores islâmicos colapsaram” no seio do grupo.
“Esta organização é uma fraude, não tem nada a ver com o Islã”, disse o miliciano decepcionado, que afirma que o EI abandonou seu quartel-general na cidade síria de Raqa e se dirigiu ao deserto, deixando as coisas nas mãos de ex-militares do partido iraquiano Baath, do ditador executado Saddam Hussein.
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