Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Roma

João Paulo II recusava tratamento médico

Livro escrito por assessores pessoais do Pontífice, entre eles seu médico particular, afirma que ele minimizava seus problemas de saúde. Mal de Parkinson foi segredo durante cinco anos

O Papa João Paulo II minimizava seus problemas de saúde e relutava em receber tratamento médico, afirma um livro escrito por alguns de seus assessores mais próximos, entre eles seu médico particular.

Jornais italianos publicaram trechos do livro nesta quarta-feira. Segundo a obra, o Vaticano sabia desde 1991 que o Papa, morto em abril de 2005, tinha sintomas do Mal de Parkinson, mas manteve segredo sobre a doença durante cinco anos.

O livro, cujo título, "Deixem-me partir", inspirou-se nas últimas palavras ditas pelo Pontífice antes de morrer, inclui um relato detalhado sobre o histórico médico de João Paulo II, elaborado por seu médico, Renato Buzzonetti.

Buzzonetti afirma que o Papa, que em 1992 foi submetido a uma cirurgia para a remoção de um grande tumor intestinal, que começava a se tornar maligno, escondeu os sintomas e a dor por meses, e inicialmente recusou o procedimento de emergência recomendado pelos médicos.

Ele já tinha sofrido uma cirurgia abdominal em 1981, quando foi atingido por tiros numa tentativa de assassinato.

Em 1994, quando o Papa escorregou na banheira de seus aposentos no Vaticano e quebrou a perna direita, seus assessores tiveram que convencê-lo a cancelar a viagem para a Sicília marcada para o dia seguinte.

Dois anos depois, a relutância de João Paulo II a se submeter a uma nova cirurgia e seus muitos compromissos levaram ao adiamento constante da remoção de seu apêndice, que estava inflamado e causava dor abdominal e febre.

Foi também em 1996, depois de o Papa ter aparecido com ar cansado na Hungria, que um porta-voz do Vaticano mencionou pela primeira vez que o Potífice sofria de um "transtorno neurológico extrapiramidal". A Santa Sé só reconheceu oficialmente que se tratava do Mal de Parkinson em 2003.

Buzzonetti também faz uma crônica com descrições detalhadas dos últimos dias, horas e minutos do Papa. Vários dos detalhes já haviam sido divulgados pelo próprio Vaticano em setembro do ano passado, numa atitude incomum de transparência.

O Papa foi hospitalizado em fevereiro e em março de 2005. Durante a segunda internação, foi submetido a uma traqueostomia para respirar com mais facilidade.

Buzzonetti conta que no dia 31 de março, três dias antes de morrer, o Papa assistia a uma missa em sua capela quando sentiu um "calafrio repentino e tremores violentos".

A temperatura do Pontífice chegou rapidamente a quase 40 graus. Ele teve um choque séptico, causado por uma infecção no trato urinário, e um colapso cardiovascular.

Mesmo assim, pediu para permanecer no Vaticano em vez de voltar ao hospital.

Na manhã seguinte, o Papa estava "consciente e sereno" na missa celebrada às 6h em seu quarto. Ele começou a ficar inconsciente por volta das 7h30m de 2 de abril, o dia em que morreu. Mais tarde, pronunciou e suas últimas palavras compreensíveis, "Deixem-me ir para a casa do Pai", entrando em coma. A morte ocorreu às 21h37m.

O livro deve chegar às lojas ainda nesta quarta-feira.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.