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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou ao Parlamento do país nesta segunda-feira (31) que fará mudanças no governo, porque “pedir desculpas não é suficiente” depois de tomar conhecimento do relatório parcial da especialista em ética parlamentar Sue Gray sobre as festas em Downing Street durante a pandemia de Covid-19.
Johnson disse que é preciso “aprender” com os erros cometidos com a realização de festas em sua residência oficial e escritório, e prometeu que vai corrigir os problemas de estrutura e responsabilidade que tornaram possíveis as “falhas de liderança” criticadas no relatório.
O documento aponta “falhas de liderança e julgamento” em Downing Street e que alguns dos eventos “não deveriam ter sido permitidos”.
“Primeiro quero pedir desculpas pelas coisas que não fizemos bem, e também pela forma como este assunto foi tratado (...). Mas não é suficiente pedir desculpas. É um momento para olharmos no espelho, e devemos aprender”, disse o primeiro-ministro na Câmara dos Comuns.
Após afirmar que “aceita as conclusões do relatório de Gray”, Johnson disse que não esperaria pelo fim da investigação policial e que faria mudanças nas “estruturas fragmentadas e complicadas” de Downing Street e do Ministério do Gabinete.
Entre essas reformas, ele afirmou que criará o papel de “secretário permanente” para supervisionar o funcionamento dos escritórios do primeiro-ministro, embora não tenha dado detalhes.
Ele também disse que iria rever os códigos de conduta que regem o governo e seus assessores, bem como melhorar a “conexão” entre o Executivo e o Legislativo.
Relatório foi editado a pedido da polícia, diz especialista
No relatório, no qual Gray analisou 16 reuniões, realizadas em 12 datas entre maio de 2020 e abril de 2021, a especialista apontou que alguns encontros “representam uma grave falha em observar não apenas os altos padrões esperados daqueles que trabalham no coração do governo, mas também os padrões esperados de toda a população britânica na época”, comentou, numa referência a comemorações durante períodos em que o país enfrentava lockdowns, segundo informações do jornal The Guardian.
Gray também mencionou o “consumo excessivo de álcool” nessas reuniões, que “não é apropriado em um local de trabalho profissional em nenhum momento”. “Devem ser tomadas medidas para garantir que todos os departamentos governamentais tenham uma política clara e robusta que abranja o consumo de álcool no local de trabalho”, recomendou.
A Polícia Metropolitana está investigando 12 dos 16 eventos citados por Gray. A especialista lamentou o fato de que a polícia pediu na semana passada que ela não incluísse no seu relatório detalhes dos encontros que estava investigando.
“Infelizmente, isso significa necessariamente que fico extremamente limitada no que posso dizer sobre esses eventos e não é possível, no momento, fornecer um relatório significativo apresentando e analisando a extensa informação factual que consegui reunir”, apontou.