Capa da última edição do jornal Charlie Hebdo| Foto: Reprodução

O semanário francês "Charlie Hebdo" voltou a incomodar nesta quarta-feira (23) ao abordar, em sua edição mais recente, os atentados que deixaram 15 mortos na Espanha há uma semana. A capa é ilustrada por duas vítimas deitadas no chão, em poças de sangue, enquanto o veículo do atropelador segue adiante. O texto, em vermelho, diz: "Islã, religião de paz... eterna".  

CARREGANDO :)

No índice da revista, aparece a pergunta: "Barcelona, turismo e islamismo, por que escolher?" É uma piada com os recentes protestos contra turistas na capital catalã, por parte dos locais.  

Leia mais: O que há em comum entre Barcelona e outros atentados recentes na Europa

Publicidade

As mensagens imediatamente desagradaram por traçar uma relação direta entre a religião islâmica e os atentados terroristas à Espanha. 

A ação foi motivada por uma interpretação radical e minoritária dessa crença, seguida por mais de 20% da população mundial. Associar o islã ao terrorismo, algo chamado de "islamofobia", incentiva ataques contra muçulmanos - já registrados na Espanha, após o atentado.  

A mesma revista traz a ilustração de um toureador coçando a cabeça depois de ter falhado em impedir a van terrorista com suas espadas.  

E, no ano passado, chocou também ao publicar um infame desenho retratando as vítimas de um terremoto na Itália como pratos de massa.  

Atentados 

O "Charlie Hebdo" é uma publicação tradicional na França, embebida em uma cultura específica de humor. É um país em que esse tipo de trabalho tem um grande impacto, inclusive político.  

Publicidade

Leia mais: Ataques na Espanha foram contra 'cruzados e judeus', diz Estado Islâmico

Ao reportar um escândalo de corrupção em janeiro passado, o semanário "Le Canard Enchaîné" ajudou a afundar a candidatura do conservador François Fillon, ajudando na eleição do centrista Emmanuel Macron.  

O "Charlie Hebdo" já publicou uma série de ilustrações fazendo troça do islã, e, em 2015, sua redação foi tomada por homens armados, que mataram 12 pessoas.  

Aquele foi um dos primeiros atentados da recente onda de terrorismo na Europa. Meses depois, um ataque deixou 130 mortos em Paris.