Visita
Ahmadinejad dispensa Brasil em novo giro latino
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, embarcou ontem para a Venezuela, onde inicia um tour pela América Latina que visa consolidar a rede apoio político a Teerã no quintal dos EUA. Nas quatro etapas do roteiro, que desta vez não inclui o Brasil, Ahmadinejad será recebido por governantes de esquerda que compartilham as posições antiamericanas e terceiro-mundistas do Irã. Depois da Venezuela de Hugo Chávez, o iraniano irá à posse do recém-reeleito Daniel Ortega na Nicarágua. Em seguida, visitará os irmãos Raul e Fidel Castro em Cuba e encerrará o giro no Equador de Rafael Correa. Em rápidas declarações concedidas antes de embarcar, na base aérea do aeroporto Mehrabad de Teerã, Ahmadinejad rejeitou recentes alertas dos EUA contra países que têm boas relações com o Irã. "Hoje, os povos latino-americanos são pioneiros na luta contra o colonialismo e o expansionismo dos imperialistas", disse o presidente, que citou Cuba como "o país mais conhecido" da região.
O Irã não contatou o Brasil para uma possível visita nem Ahmadinejad foi convidado. Teerã sinaliza ter entendido que a presidente Dilma Rousseff, embora mantenha relações cordiais com o país, tem procurado evitar a proximidade efusiva que uniu o líder iraniano e o presidente Lula.
Folhapress
O Irã começará "em breve" a enriquecer urânio em uma central atômica construída sob uma montanha nos arredores de Qom (120 km ao sul de Teerã), para se tornar mais resistente a eventuais ataques aéreos, sustenta o jornal pró-regime Kayhan.
O veículo de comunicação, que é próximo de clérigos do Irã no poder, disse que Teerã começou a injetar gás de urânio em centrífugas sofisticadas em uma instalação em Fordo, perto da cidade sagrada de Qom.
A planta, que teria uma proteção natural de 90 metros de parede rochosa, deverá operar em menor escala de produção, mas será mais rápida e eficiente do que as demais centrais iranianas.
A notícia é tida como sinal de que o Irã não suspenderá seu enriquecimento mesmo que se concretizem planos de retomada das negociações com o Ocidente.
O país disse há meses que está se preparando para realizar o enriquecimento de urânio de Fordo.
A inauguração do programa poderia bloquear novas negociações com as grandes potências no sentido de resolver a disputa nuclear por vias diplomáticas. O Irã tem sugerido conversar sobre seu programa nuclear com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, mas o diálogo está paralisado há um ano.
Reação
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, afirmou ontem que as autoridades americanas não vão deixar o Irã desenvolver armas nucleares ou bloquear o estreito de Ormuz, área chave para o transporte do petróleo do Oriente Médio, onde o Irã tem feito exercícios militares. "Eles precisam saber disso: se eles derem esse passo, eles serão impedidos", ameaçou.
A tensão cresceu entre Teerã e Washington desde o último dia 3, após a advertência iraniana sobre a presença da Marinha americana no Golfo enquanto realizavam manobras militares, despertando temores sobre o eventual fechamento do estreito de Ormuz.
Washington advertiu que manterá seus navios de guerra mobilizados no Golfo, enquanto a Casa Branca considerou que as advertências do Irã demonstravam sua "debilidade" e a eficácia das sanções aplicadas contra o país por impulsionar seu polêmico programa nuclear.
"Eles estão tentando desenvolver uma arma nuclear? Não. Mas nós sabemos que estão tentando desenvolver uma capacidade nuclear. E é isso que nos preocupa", disse Panetta à rede de tevê americana CBS.
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