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México está em terceiro no ranking mundial de assassinatos a jornalistas, depois da Síria e Afeganistão | YURI CORTEZ/AFP
México está em terceiro no ranking mundial de assassinatos a jornalistas, depois da Síria e Afeganistão| Foto: YURI CORTEZ/AFP

O jornal mexicano Norte, que circula em Ciudad Juárez e com o qual a repórter Miroslava Breach, assassinada em 23 de março, colaborava, anunciou neste domingo (2) que deixará de publicar sua edição impressa porque não há garantias nem segurança para exercer um “jornalismo crítico”.

Em um artigo intitulado “Adeus!”, o diretor do jornal, Oscar Cantú, afirmou que a “morte trágica e sentida” de Breach o levou a refletir sobre as condições adversas em que se exerce o jornalismo, onde “o alto risco é o ingrediente principal”.

Breach, de 54 anos, escrevia sobre narcotráfico, crime organizado e corrupção política no estado de Chihuahua (norte). Ela foi a terceira jornalista assassinada em um mês no México, o terceiro país mais perigoso do mundo para esse ofício, atrás da Síria e do Afeganistão, segundo a ONG Repórteres sem fronteiras.

Dias depois do assassinato de Breach, um quarto jornalista foi baleado no estado de Veracruz, no leste do país, fazendo de março um mês de violência sem precedentes, segundo a ONG de proteção a jornalistas Artículo 19.

“As agressões mortais contra jornalistas e a impunidade ficaram em evidência, nos impedindo de continuar livremente com nosso trabalho”, afirmou Cantú na nota editorial, acrescentando que esta seria a última edição impressa do jornal.

Cantú, que assegura que nos seus 27 anos de publicação o jornal recebeu ataques “de particulares e governos por ter colocado em evidência suas más práticas e atos de corrupção”, disse que o fechamento também foi motivado pelo “incumprimento irresponsável” de pagamentos por serviços prestados a entidades do governo.

Ciudad Juárez, na fronteira com Estados Unidos, foi durante anos uma das cidades mais violentas do México, devido às disputas entres cartéis para controlar as rotas de envio de drogas ao país vizinho.

“Tudo na vida tem um início e um fim, um preço a se pagar. E se este é a vida, não estou disposto a que o pague mais nenhum dos meus colaboradores”, concluiu o diretor do Norte.

Em 2016, o México registrou um recorde de 11 jornalistas assassinados, segundo dados da Artículo 19.

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