Um jornal russo crítico do presidente da Rússia, Vladimir Putin, está entre os indicados ao Prêmio Nobel da Paz de 2015, assim como Edward Snowden, o papa Francisco e um padre que ajuda imigrantes africanos.
Embora o comitê tenha lembrado os últimos quatro aniversários de dez anos do bombardeio de Hiroshima, em 1945, homenageando a luta contra a proliferação nuclear, poucos observadores do Nobel duvidam que a tendência será mantida.
Milhares de pessoas, incluindo todos os membros do Parlamento da Noruega, podem fazer indicações, que devem ser enviadas até 1º de fevereiro. O prêmio de US$ 1,2 milhão será anunciado em outubro. O Instituto Norueguês do Nobel não divulga os nomes dos concorrentes, mas especialistas do país compilam listas.
O papa Francisco foi indicado por enfatizar a justiça social e o cuidado com o meio ambiente, e o ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, que vazou detalhes sobre a vigilância eletrônica norte-americana, por mostrar como os cidadãos são monitorados com poucos controles democráticos.
O chefe do Instituto de Pesquisas da Paz de Oslo, Kristian Berg Harpviken, indicou como seu favorito Mussie Zerai, padre da Eritreia que vive na Itália e ajudou alguns dos milhares de imigrantes africanos que arriscaram a vida cruzando o Mar Mediterrâneo. "A crise imigratória piora dia a dia", disse ele.
Harpviken escolheu a Novaya Gazeta, jornal investigativo russo crítico de Putin, como segundo indicado por seu trabalho para expor a corrupção. Ele afirmou que o prêmio "também divulgaria mais amplamente o tema da liberdade de mídia" depois do ataque islâmico ao jornal semanário satírico francês Charlie Hebdo no mês passado, no qual 12 pessoas foram mortas.
Harpviken duvida que o próprio Charlie Hebdo poderia vencer, mas a violência islamita foi criticada no ano passado, quando a honraria foi dividida com a adolescente paquistanesa Malala Yousafzai, que advoga a educação para meninas e sobreviveu a uma tentativa de assassinato do Taliban em 2012.
Asle Sveen, historiador e especialista no prêmio, disse que o comitê de cinco membros não deve se sentir obrigado a lembrar o aniversário do ataque nuclear japonês.
A Agência Internacional de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (ONU) venceu em 2005, o cientista antibomba atômica Joseph Rotblat em 1995, os Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear em 1985 e o ativista de direitos humanos e cientista nuclear soviético Andrei Sakharov em 1975.
O último vencedor não relacionado a questões nucleares num ano terminando em 5 foi o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), em 1965. Harpviken disse que um candidato antiproliferação poderia ser Nihon Hidankyo, que representa as vítimas dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.
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