Em 2015, enquanto um grupo de requerentes de asilo fugia de um acampamento na fronteira entre Hungria e Sérvia, uma cinegrafista húngara foi filmada estendendo o pé, no que parecia ser uma tentativa deliberada de derrubá-los.
A mulher estava segurando uma câmera no meio de uma multidão de policiais e migrantes, aparentemente trabalhando para o seu veículo de notícias. Mas um colega jornalista captou imagens dela chutando uma jovem que tentava fugir em meio à multidão. Em outro momento gravado em vídeo, enquanto um pai que segurava uma bolsa em um braço e seu filho jovem no outro passava correndo por ela, ela esticou o pé, fazendo-os tropeçar e cair no chão.
As imagens do incidente, que ocorreu quando um grande número de requerentes de asilo procurava refúgio na Europa, se espalharam rapidamente. A mulher foi identificada como Petra Laszlo, uma cinegrafista húngara; o seu canal de notícias, a N1TV, a demitiu. Mais tarde, ela foi condenada a três anos de liberdade condicional em um tribunal húngaro por conduta desordeira.
A N1TV divulgou um comunicado dizendo que “uma colega se comportou de maneira inaceitável no centro de recepção de Roeszke. O contrato de emprego da cinegrafista foi encerrado com efeito imediato”.
Mas o máximo tribunal da Hungria absolveu Laszlo nesta terça-feira (30), determinando que, embora seu comportamento fosse “moralmente incorreto e ilícito”, não foi atividade criminosa.
O pai e o filho que foram derrubados por Laszlo foram identificados como refugiados sírios. O pai, Osama Abdul Mohsen, disse ao jornal espanhol El Mundo na época que “o chute da jornalista foi assustador”.
Mohsen e seu filho conseguiram chegar à Espanha, onde receberam asilo – e uma visita ao time de futebol do Real Madrid, graças à atenção que o comportamento de Laszlo recebeu. “Na Síria nós sonhávamos em ver um jogo do Real Madrid, e agora isso vai se tornar realidade”, disse ele em um comunicado que o clube divulgou em 2015 depois de convidá-lo para um jogo. “Eu estou realmente feliz”.