O jornalista alemão conhecido como Billy Six, 32 anos, foi libertado na noite de sexta-feira, depois de permanecer quatro meses numa prisão em Caracas, segundo a ONG Espaço Público, que se dedica a vigiar a liberdade de imprensa no país. Ele terá, porém, de apresentar-se diante dos tribunais a cada 15 dias, pois há uma investigação em curso sobre suas ações no país – o jornalista é acusado de espionagem. Ele também está impedido de dar declarações públicas sobre seu período de detenção.
A notícia chega em uma semana em que os jornalistas que cobrem a Venezuela sofreram dois ataques. Um deles foi a prisão por 48 horas de Luis Carlos Díaz, que coordena e escreve no site Patreon. Acusado de insuflar uma rebelião, Díaz também terá de comparecer diante da Justiça a cada 15 dias e não poderá dar declarações. Depois, houve o espancamento do jornalista polonês Tomasz Surdel, que ficou com o rosto desfigurado e sérias feridas na cabeça após levar uma surra de agentes da Força de Ações Especiais (Faes).
A ONG Espaço Público, por meio das redes sociais, exigiu a liberdade plena de Billy Six e de Luis Carlos Díaz; ao lado do sindicato dos jornalistas da Venezuela (SNTP), a entidade prepara um ato nos próximos dias contra os ataques a profissionais, acusando a ditadura de Nicolás Maduro de tentar "encurralar a imprensa" cada vez mais. As agressões têm se intensificado desde que Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional, prestou juramento como presidente interino, dando entrevistas e organizando atos contra o regime. Ainda segundo a Espaço Público, pelo menos 50 jornalistas foram detidos, alguns temporariamente, apenas em 2019.
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Billy Six começou a fazer uma greve de fome em dezembro, mas foi instado a abandoná-la porque o governo alemão garantiu que faria gestões por sua liberação rápida. Desde a prisão, Six declarou que não estava tendo direito a escolher uma defesa particular, e que não havia recebido os exames médicos a que havia sido submetido depois de ter contraído dengue na cadeia. A acusação contra Six foi de ter "se aproximado demais de Maduro" para fazer uma foto, no estado de Falcón. Segundo o jornalista, sua reportagem era mais ampla e estaria mais centrada em narcotráfico, contrabando de bens e de pessoas, e não tanto na tragédia humanitária que vive o país.
O jornalista saiu da prisão escoltado por funcionários da embaixada alemã. Seus pais postaram nas redes sociais uma mensagem dizendo estar "extremamente felizes", mas também criticaram as autoridades alemãs por demorarem em tomar ações para liberar o filho. O jornalista é free-lancer e já havia realizado cobertura em lugares de conflito, como Líbia, Ucrânia e Síria.
