Os jornalsitas do canal Al Jazeera Peter Greste (à esq.), Mohammed Fahmy e Baher Mohamed: condenados à prisão no Egito| Foto: Asmaa Waguih/Reuters

Egito liberta 119 presos por quarto aniversário de revolução

EFE

Pelo menos 119 presos egípcios foram beneficiados neste domingo por um indulto presidencial devido ao quarto aniversário da revolução do dia 25 de janeiro, que levou à queda de Hosni Mubarak, e pelo Dia da Polícia no Egito, segundo a agência estatal de notícias "Mena".

Fontes explicaram à Agência Efe que as libertações correspondem às anunciadas pelo presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi, que há duas semanas se comprometeu a elaborar uma lista de ativistas detidos para serem libertos.

Além desses presos, segundo as fontes, foi aprovado um indulto para outros 193 reclusos, mas esses só receberão liberdade condicional. Caso cometam algum crime, também deverão cumprir a pena da qual foram exonerados.

Ainda não foi divulgado se estas listas incluem nomes de ativistas conhecidos que estão presos por violarem a lei que proíbe protestar livremente.

Ao longo dos dois últimos anos, as autoridades egípcias prenderam vários ativistas, assim como líderes e seguidores da Irmandade Muçulmana. O grupo, considerado terrorista, exige a volta do presidente islamita Mohammed Mursi, deposto pelo Exército no dia 3 de julho de 2013.

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O jornalista da Al Jazeera Peter Greste foi solto de uma prisão no Cairo, neste domingo, e deixou o Egito de volta para o seu país de origem, a Austrália, após 400 dias preso por acusações que incluem ajudar um grupo terrorista, segundo oficiais de segurança.

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O canadense-egípcio Mohamed Fahmy, um dos colegas de Greste, deve ser solto nos próximos dias e será deportado ao Canadá. Ainda não há informações sobre o terceiro membro da equipe, o egípcio Baher Mohamed, que também foi preso no caso que provocou revolta internacional.

Os três foram condenados por sete a dez anos de prisão por acusações que incluem disseminar mentiras para ajudar uma organização terrorista - referência à Irmandade Muçulmana.

A noiva de Fahmy disse que esperava que ele fosse libertado logo da prisão de Tora, no Cairo, e deportado para o Canadá. "A deportação está no estágio final. Estamos otimistas", disse Marwa Omara à Reuters.

O momento da liberação de Greste foi surpreendente, apenas dias depois do Egito sofrer um dos seus ataques mais sangrentos em anos. Mais de 30 membros das forças de segurança foram mortos na quinta-feira à noite no Sinai, e os comentários do presidente Abdel Fattah al-Sisi sugeriam que ele não estava disposto a ceder.

Muitos egípcios veem a Al Jazeera, com sede no Catar, como uma força desestabilizadora para o país, uma visão encorajada pela mídia local que rotulou os jornalistas de "A Célula do Marriott", porque eles trabalhavam em um dos hotéis da rede americana.

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Autoridades egípcias acusam a Al Jazeera de apoiar a Irmandade Muçulmana, o movimento que o então chefe do Exército Sisi venceu em 2013.

A Al Jazeera disse que a sua campanha para libertar os jornalistas do Egito não terminaria até que os três fossem soltos.

"Estamos felizes por Peter e sua família, agora que eles estão reunidos. Foi uma provação incrível e injustificável para eles, que lidaram com tudo isso muito dignamente", disse em um comunicado.

"Não vamos descansar até Baher e Mohamed também recuperarem a liberdade. As autoridades egípcias podem terminar essa história hoje, se quiserem, e é isso que elas precisam fazer".

O caso contribuiu para acirrar as tensões entre Egito e Catar, apesar das especulações cada vez maiores de que a mediação saudita melhorou os laços entre eles, aumentando a possibilidade de Sisi deportar os jornalistas ou perdoá-los.

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