O caso de abuso sexual contra a jornalista Lara Logan, da CBS News, na Praça Tahrir, no Cairo, assombrou os Estados Unidos tanto pela violência contra uma mulher quanto pelos comentários na internet e pela resistência da grande imprensa em publicar o fato. Lara deixou o hospital na noite de quarta-feira.
Lara Logan estava com uma equipe de 20 profissionais da CBS cobrindo a celebração popular da renúncia de Hosni Mubarak, no dia 11, quando foi cercada por uma gangue com cerca de 200 pessoas. Espancada e estuprada, foi salva pela intervenção de mulheres egípcias e de 20 soldados.
Blogueiros da extrema direita imediatamente tomaram o episódio como base para difundir seus preconceitos ao Islã. O jornalista Nir Rosen, respeitado correspondente em vários conflitos, perdeu seu posto na New York University por causa de suas frases sobre o caso no Twitter.
Rosen lamentou ter feito os comentários apressados a um amigo, pelo Twitter, e pediu desculpas em público. Apesar de ter apagado as frases, elas foram devidamente registradas. "Num momento em que ela (Lara) vai se tornar uma mártir e ser glorificada, deveríamos ao menos nos lembrar de seu papel de fomentadora de uma grande guerra", afirmara.
A demissão de Rosen e o telefonema à repórter do presidente dos EUA, Barack Obama, na quarta-feira, chamaram a atenção pública para a brutalidade sofrida por Lara, até então ocultada pelos grandes jornais americanos e pela própria CBS. Os tabloides New York Post e New York Daily News já haviam estampado o crime na capa.
No seu blog no Washington Post, Richard Cohen, criticou a omissão da CBS na divulgação do crime contra sua repórter. "Muitas organizações jornalísticas não divulgam o nome de vítimas de estupro", argumentou Cohen. "No caso de Lara, infelizmente, não haveria meio de ocultar seu nome. Sua privacidade não é tão importante quanto a notícia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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