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China prendeu repórter cidadã em maio de 2020| Foto: Pixabay

A jornalista chinesa Zhang Zhan, presa no ano passado por noticiar o princípio da pandemia de Covid-19 em Wuhan, está seriamente debilitada, consequência da greve de fome parcial que vem fazendo para protestar contra sua detenção.

A mulher de 37 anos e 1,55 metro de altura, que antes pesava 74 quilos, agora está pesando menos de 40, segundo informou o New York Times. No fim de julho, ela precisou ser internada em hospital, mas no dia 11 de agosto voltou para a prisão.

Segundo a ONG Anistia Internacional, o advogado de Zhang disse que ela está fisicamente muito fraca e sofre de dores de estômago, tonturas e fraqueza ao caminhar. Também foi relatado à organização dos direitos humanos que a jornalista foi forçada a usar algemas e que suas mãos ficaram presas 24 horas por dia por mais de três meses como punição por sua greve de fome.

Na prisão, a jornalista se recusa a comer carne, arroz e vegetais. Segundo a mãe, Shao Wenxia, ela come apenas frutas e bolachas.

Zhang, de 37 anos, é de Xangai, mas viajou para Wuhan em fevereiro de 2020 para cobrir o surto de Covid-19. De maneira independente, ela relatou as experiências dos moradores da cidade com o novo e desconhecido vírus, mais tarde batizado de Sars-CoV-2, e com o confinamento imposto pelas autoridades locais. Ela também registrou, via redes sociais, a detenção de outros repórteres independentes que tentavam cobrir o surto de Covid-19 em Wuhan.

A jornalista foi presa em maio do ano passado e, em dezembro, foi condenada a quatro anos de prisão por "provocar distúrbios", uma acusação que é amplamente usada na China para perseguir dissidentes.

Na época do seu julgamento, Zhang já estava com a saúde debilitada, tendo aparecido em frente ao juiz em uma cadeira de rodas. Uma das poucas coisas que ela disse na ocasião, segundo seu advogado, é que "o discurso dos cidadãos não deve ser censurado".

Outras pessoas que publicaram imagens sobre a situação dos hospitais nos primeiros dias da pandemia na China também foram presos ou assediados por autoridades chinesas, como o jornalista Chen Qiushi e o morador de Wuhan Fang Bin.

"O crime de 'provocar distúrbios', nos termos do Artigo 293 da Lei Criminal chinesa, é uma ofensa vagamente formulada que tem sido amplamente usada para atingir ativistas e defensores dos direitos humanos", disse a Anistia Internacional em uma carta em que pede pela liberação de Zhang. "Embora o crime tenha sido originalmente aplicado a atos que perturbaram a ordem em locais públicos, o escopo foi ampliado desde 2013 para incluir também o espaço online".

A mãe de Zheng pediu que a filha deixe de fazer greve de fome para recuperar sua saúde, mas apesar do risco de morte, a jornalista parece continuar determinada a seguir com seu protesto. Em 2021, Zhang só pôde falar com a mãe, por telefone, em duas ocasiões.

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