Dois jornalistas brasileiros foram detidos e vendados no Egito, onde outros correspondentes estrangeiros também sofreram ataques durante os violentos confrontos entre simpatizantes do presidente Hosni Mubarak e manifestantes que exigem sua saída do poder.
Segundo a Agência Brasil, um repórter da Rádio Nacional e um cinegrafista da TV Brasil tiveram seus passaportes e equipamentos apreendidos e, para serem liberados, assinaram na quinta-feira um documento se comprometendo a voltar ao Brasil.
"É uma sensação horrível. Não se sabe o que vai acontecer. Em um primeiro momento, achei que seríamos fuzilados porque nos colocaram de frente para um paredão, mas, graças a Deus, isso não aconteceu", afirmou o repórter, que volta na sexta-feira com o cinegrafista ao país.
Os jornalistas passaram a última noite sem água, presos em uma sala sem janelas e com apenas duas cadeiras e uma mesa em uma delegacia do Cairo, informou a Agência Brasil.
Outros jornalistas estrangeiros e egípcios foram vítimas de violência e funcionários de entidades de direitos humanos foram detidos no Egito, que vive o décimo dia de protestos contra Mubarak, no poder há 30 anos.
Os confrontos ganharam força nos últimos dias, quando ocorreram brigas entre simpatizantes armados do governo e manifestantes, e diversos países relataram episódios de violência envolvendo profissionais da imprensa.
Quatro jornalistas israelenses foram presos no Cairo por violar o toque de recolher; um belga foi agredido e detido; um profissional da rede norte-americana CNN e sua equipe foram atacados por simpatizantes de Mubarak durante os protestos, entre outros incidentes com funcionários de veículos como Reuters, ABC, Associated Press, BBC e Al-Jazeera.
Um repórter grego foi ainda esfaqueado por partidários do presidente e um fotógrafo que estava com ele foi espancado, de acordo com uma testemunha da Reuters.
Um funcionário da Anistia Internacional e um colega da Human Rights Watch também foram detidos na capital egípcia e levados a um local desconhecido.
"Pedimos a libertação imediata e segura de nossos colegas e outros que deveriam poder monitorar a situação de direitos humanos no Egito neste momento crucial, sem medo de molestamento ou detenção", disse o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty.
O Comitê para a Proteção de Jornalistas, com sede em Nova York, classificou os ataques de "censura".
"O governo egípcio está empregando uma estratégia de eliminar testemunhas", afirmou em comunicado o coordenador da entidade para o Oriente Médio e o Norte da África, Mohamed Abdel Dayem.
"O governo recorreu à censura encoberta, à intimidação, e hoje a uma série de ataques deliberados a jornalistas realizados por manifestantes pró-governo", acrescentou ele.
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