Um tribunal de Mianmar sentenciou dois jornalistas da agência Reuters a sete anos de prisão por violar a lei de Segredos Oficiais do país, datada da era colonial, enquanto investigavam um massacre dos muçulmanos rohingya no país.
Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, foram presos em 12 de dezembro de 2017. Eles afirmam que receberam de dois policiais documentos confidenciais sobre a repressão e mortes de rohingyas no estado de Rakhine e pouco tempo depois foram detidos.
Em um relatório sobre o que chamam de genocídio de rohingyas, publicado na semana passada, observadores da ONU citaram o caso dos jornalistas presos, salientando que as autoridades do país "não toleram escrutínio ou críticas" e usaram várias leis para prender, deter ou assediar defensores dos direitos humanos e jornalistas.
Os repórteres alegaram inocência. “Não tenho medo, acredito na Justiça, não fiz nada de errado”, disse Wa depois de ouvir o veredicto.
Em abril, um policial de Mianmar, Moe Yan Naing, alegou que havia testemunhado um complô da polícia para entregar documentos secretos a Wa e Kyaw para que pudessem prendê-los, o que as autoridades policiais negaram.
O advogado dos repórteres, Zaw Maung, disse que a sentença é “decepcionante e um golpe para a democracia, o estado de direito e a liberdade de imprensa”.
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Ataques à atividade jornalística
Prisões e assassinatos de jornalistas são um flagelo em todo o mundo. Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, no ano passado, 262 profissionais estavam presos por causa de seu trabalho e cerca da metade deles estava em apenas três países: Turquia, China e Egito. Embora esses regimes autoritários sejam os piores, o jornalismo se mostrou perigoso em muitos outros locais, inclusive em Mianmar, onde os dois repórteres da Reuters foram condenados por suas revelações sobre o brutal exílio dos muçulmanos rohingya.
O Comitê de Proteção dos Jornalistas também informou que só neste ano 39 jornalistas foram mortos em serviço – em todo o ano passado foram 46. Um dos casos mais recentes foi o de três jornalistas russos assassinados em uma emboscada na República Centro-Africana, no fim de julho. Kirill Radchenko, Alexander Rastorguyev e Orkhan Dzhemal estavam investigando as atividades de uma empresa militar privada russa, o Grupo Wagner, ligada a Yevgeniy Prigozhin, amigo de Vladimir Putin e magnata de São Petersburgo que também comandava uma agência de notícias falsas conhecida como Agência de Pesquisa na Internet, que interferiu nas eleições de 2016 nos EUA. De acordo com o Centro de Controle Investigativo, uma organização russa, a empresa atuaria em missões de combate em nome do Kremlin no Leste da Ucrânia e da Síria.
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