Enquanto as potências globais debatem como punir a Coreia do Norte por suas ameaças nucleares, duas jornalistas norte-americanas, presas há quase três meses, serão julgadas por espionagem na quinta-feira, 4, na capital Pyongyang. Se condenadas, poderão acabar em um dos famosos campos de trabalhos forçados do país.
Guardas norte-coreanos detiveram Laura Ling e Euna Lee, repórteres da Current TV, do ex-presidente dos EUA Al Gore, na fronteira nordeste do país, junto à China, em 17 de março. Ativistas que ajudaram a organizar a viagem disseram que as jornalistas faziam uma matéria sobre uma mulher norte-coreana e crianças, que fugiram para a China para viverem como refugiados.
O governo de Pyongyang acusou as repórteres de empreender "atos hostis" e de atravessar a fronteira ilegalmente. Especialistas disseram que a condenação por "hostilidade" ou espionagem pode render entre cinco e dez anos nos campos de trabalhos norte-coreanos.
Analistas advertiram que a Coreia do Norte pode usar o julgamento das americanas para pressionar o presidente dos EUA, Barack Obama, antes de sua reunião com sua contraparte sul-coreana Lee Myung-bak, na Casa Branca, no próximo dia 16. "Ter duas jornalistas detidas na Coreia do Norte deixa os EUA com pouca margem de manobra, já que a segurança delas terá que ser levada em consideração", afirmou Yoon Deok-min, professor do Instituto de Assuntos Externos e Segurança Nacional do governo da Coreia do Sul.