A polícia britânica está examinando se a equipe do jornal The Guardian deve ser investigada por crimes de terrorismo pelo modo como lidou com as informações vazadas pelo norte-americano Edward Snowden, disse nesta terça-feira (3) um agente sênior da área de contraterrorismo na Grã-Bretanha.

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A revelação foi feita depois que o editor do Guardian, Alan Rusbridger, convocado para prestar informações a um inquérito no Parlamento, foi acusado por parlamentares de ajudar terroristas por tornar públicas informações altamente sigilosas e compartilhá-las com outras organizações jornalísticas.

O Guardian é um dos vários jornais que publicaram dados vazados por Snowden, um ex-prestador de serviços do setor de espionagem dos Estados Unidos, sobre vigilância em massa por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, e a agência britânica de escutas (GCHQ).

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A comissária-assistente Cressida Dick, que chefia a unidade de Operações Especializadas de Londres, disse aos parlamentares que a polícia está averiguando se foi cometido algum delito, já que em agosto o brasileiro David Miranda foi detido por um breve período acusado de transportar dados para um jornalista do Guardian.

Autoridades do setor de segurança dizem que os dados passados por Snowden incluem detalhes da espionagem britânica e sua divulgação iria pôr vidas em risco. Rusbridger declarou ao comitê que seu jornal não publicou essas informações.

"Assim que examinarmos o material, parece possível que algumas pessoas possam ter cometido delitos", disse Cressida. "Nós temos de verificar se elas cometeram delitos ou não."

Miranda, companheiro do jornalista Glenn Greenwald, que divulgou os vazamentos de Snowden mundialmente, foi interrogado com base na lei antiterrorismo quando fez uma escala no aeroporto de Heathrow, em Londres, no trajeto de Berlim para o Rio de Janeiro, e o material de computador que ele levava foi apreendido.

Parlamentares disseram a Rusbridger que ele cometeu um delito previsto na Seção 58ª do Ato de Terrorismo, o qual diz que é crime publicar ou comunicar qualquer informação sobre membros das Forças Armadas ou dos serviços de inteligência.

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Mais cedo nesta terça-feira, o Guardian publicou uma carta de apoio de Carl Bernstein, o jornalista norte-americano que ajudou a revelar o escândalo de Watergate, nos anos 1970.

Bernstein, de 69 anos, disse que a presença de Rusbridger perante o comitê era uma tentativa "perigosamente nociva" das autoridades britânicas de desviar o foco do debate sobre a vigilância do governo, deixando de lado o excessivo sigilo governamental e se voltando para a conduta da imprensa.

Em seu depoimento, Rusbridger defendeu sua decisão de publicar o material vazado e disse que usou menos de 1 por cento da informação e guardou o restante em segurança.