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Caso Mahsa Amini

Jornalistas que revelaram morte de jovem sob custódia da polícia no Irã são processadas por não usarem véu

Foto disponibilizada pelo Shargh News Daily online mostra as jornalistas iranianas Niloufar Hamedi e Elaheh Mohammadi ao serem libertadas da prisão em Teerã (Foto: EFE/EPA/SHARGH )

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Nilufar Hamedi e Elahe Mohammadi, as duas jornalistas que revelaram o caso de Mahsa Amini, foram denunciadas nesta segunda-feira (15) por não usarem o véu islâmico obrigatório quando foram libertadas sob fiança ontem (14), após 17 meses de prisão.

"A Procuradoria-Geral e Revolucionária de Teerã abriu um novo processo contra as duas jornalistas liberadas da prisão no domingo por não usarem o véu islâmico após sua saída temporária da prisão", informou a agência de notícias Mizan, que pertence ao Poder Judiciário.

A acusação foi feita por causa da publicação nas redes sociais de fotos das duas jornalistas sem lenço na cabeça quando foram soltas da prisão Evin de Teerã no domingo, segundo a agência, que não explicou quem apresentou a queixa.

Hamedi e Mohammadi foram liberadas provisoriamente sob fiança, depois de terem sido condenadas em outubro a mais de 12 anos de prisão.

Hamedi foi a primeira jornalista a informar sobre a prisão de Amini por não usar o véu islâmico corretamente e sua subsequente morte em 16 de setembro de 2022, e Mohammadi cobriu o funeral da jovem de 22 anos, onde começaram os protestos que abalaram o país por meses.

Condenação

Hamedi, do jornal Shargh, foi condenada em outubro a sete anos de prisão por cooperação com os Estados Unidos, enquanto Mohammadi, do jornal Hammihan, recebeu pena de seis anos pelo mesmo crime, informou Mizan.

Além disso, as duas jornalistas foram condenadas a mais cinco anos por conluio contra a segurança nacional e a mais um ano por disseminar propaganda contra o regime do Irã.

As duas deveriam cumprir a maior das duas sentenças, ou seja, sete anos no caso de Hamedi e seis anos no caso de Mohammadi. Somado a isso, elas foram proibidas de trabalhar na imprensa, de participar de partidos políticos e de usar as redes sociais por dois anos.

Cerca de cem jornalistas e fotógrafos foram presos por realizarem seu trabalho durante as manifestações no Irã, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, dos quais 80 foram libertados sob fiança.

A morte de Amini desencadeou fortes protestos que, durante meses, pediram o fim do regime fundamentalista iraniano e só diminuíram após uma repressão que resultou em 500 mortes, na prisão de pelo menos 22 mil pessoas e na execução de oito manifestantes, um deles em público.

Nos últimos meses, o governo iraniano vem tentando reimpor o uso do véu, com a presença de patrulhas nas ruas e um projeto de lei que endurece as punições por não cobrir os cabelos. (Com Agência EFE)

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