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Um tribunal no Paquistão condenou à morte uma mulher de 26 anos por compartilhar supostas blasfêmias em trocas de mensagens pelo WhatsApp e Facebook.
Aneeqa Ateeq foi considerada culpada por um tribunal na cidade de Rawalpindi na quarta-feira, após ter sido denunciada por violar a rígida lei da blasfêmia paquistanesa, segundo o jornal The Guardian. A legislação pune até com a pena de morte quem insultar o Profeta Maomé ou o Islã.
Ateeq, que é muçulmana, se declarou inocente das acusações, que foram abertas em maio de 2020. Ela tem o direito de recorrer da sentença, que ainda está sujeita à confirmação pelo tribunal superior de Lahore.
Ela foi acusada de enviar caricaturas blasfemas de profetas sagrados e fazer comentários sobre "figuras sagradas" no WhatsApp, e de usar o Facebook para compartilhar conteúdo blasfemo com outras pessoas, de acordo com documentos da acusação, informou o jornal britânico.
"O material blasfemo que foi compartilhado/instalado pela acusada em seu status [na plataforma de mensagens WhatsApp] e as mensagens e caricaturas que foram enviadas ao queixoso são totalmente inaceitáveis e não toleráveis para um muçulmano", escreveu o juiz em seu veredicto no caso, segundo a Al Jazeera.
A corte a considerou culpada e a sentenciou a 20 anos de prisão e ordenou que ela fosse enforcada.
Em um comunicado ao tribunal, Ateeq disse que o seu acusador, Hasnat Farooq, propositalmente a colocou em uma discussão religiosa com a intenção de armar contra a mulher, depois que ela se recusou a "ser amigável" com ele. Os dois se conheceram em uma plataforma de jogos online e continuaram a conversar pelo WhatsApp.
"Eu sinto que ele intencionalmente me arrastou para esse tópico por vingança, por isso ele registrou um processo contra mim, e durante a conversa [por WhatsApp] ele reuniu tudo que tinha contra mim", disse a jovem em comunicado à corte.
As leis de blasfêmia no Paquistão estão entre as mais rígidas do mundo. Pessoas recebem a pena de morte com frequência no país, mas na prática as execuções não ocorrem; em vez disso, os acusados passam o resto da vida na prisão.
Entretanto, os acusados muitas vezes são mortos por justiceiros mesmo antes dos tribunais chegarem a um veredicto. Além disso, juízes são frequentemente pressionados a condenar os acusados.
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