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Ciência

Jovem em estado vegetativo "demonstra consciência" e suscita polêmica

Uma jovem em estado vegetativo por cinco meses foi capaz de atender uma série de comandos, mentalmente, num estudo que desencadeia uma nova polêmica sobre a consciência e o direito à vida de pacientes nesta condição. O caso faz lembrar a controvérsia em torno da americana Terri Schiavo , cuja vida tornou-se objeto de uma dura batalha judicial.

A mulher, de 23 anos, sofreu um acidente de carro, teve lesões cerebrais graves e não apresenta qualquer resposta externa a estímulos, atendendo aos critérios de classificação de um paciente vegetativo. Os pesquisadores - que usaram exames de ressonância magnética funcional para monitorar a atividade cerebral da jovem - disseram que resultados de uma bateria de testes mostraram claramente que ela estava consciente. Na experiência, a mulher reagiu não apenas como quem ouve uma frase (o que já foi visto antes em pacientes em estado vegetativo), mas atendeu a pedidos complexos, mentalmente. Quando os cientistas pediram que ela se imaginasse jogando tênis ou entrando em sua casa e andando por todos os cômodos, seu cérebro apresentou a mesma atividade verificada em pessoas saudáveis.

"Esses resultados confirmam que essa paciente reteve a capacidade de compreender comandos orais e responder a eles através de atividade cerebral, em lugar de fala ou movimento", escreveram os pesquisadores na revista "Science". Segundo eles, "a decisão dela de cooperar com os autores do estudo e de imaginar tarefas específicas quando se pediu que o fizesse representa uma intenção clara, que confirma, sem margem de dúvida, que estava consciente de si mesma e de seu entorno."

Mas "é improvável que esse seja o caso para todos os pacientes vegetativos", explicou a equipe de pesquisadores britânicos e belgas, liderados pelo neurocientista Adrian Owen, da Universidade de Cambridge. Outros cientistas questionam até se a conclusão dos pesquisadores - de que a jovem está de fato consciente - é adequada . Apesar disso, o estudo ressalta a necessidade de aperfeiçoamento de exames que ajudam a acompanhar o estado de pacientes em estado vegetativo ou coma. No ano passado, meses após a morte de Terri Schiavo, um italiano que estivera em coma causou choque ao contar que sabia de tudo o que estava acontecendo e se desesperava .

O grupo que realizou a experiência alertou também que a mulher tinha lesões cerebrais relativamente pequenas e disse que lesões causadas por traumas freqüentemente apresentam recuperação melhor do que as causadas por derrames cerebrais ou ataques cardíacos. A ressalva é uma alusão clara ao caso de Terri Schiavo. A americana que passou 15 anos em estado vegetativo permanente e que morreu após uma longa batalha judicial em março de 2005. A disputa na Justiça deu-se porque o marido queria desligar a máquina que a alimentava, dizendo que esse seria o desejo dela. Os pais, porém, queriam mantê-la viva, dizendo que ela atendia a estímulos.

Terri Schiavo ficou em estado vegetativo por muito mais tempo do que a paciente britânica, o que teria deteriorado ainda mais suas funções cerebrais.

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