O novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, garantiu uma base sólida de poder tanto no partido comunista governista quanto entre os militares, apesar de sua juventude e das poucas credenciais de sua carreira, disseram analistas nesta quarta-feira.
Eles disseram que a elite do Norte tinha um interesse compartilhado na transição estável para Jong-Un - a única escolha em mãos - e parecia unida para ajudar a nova liderança a criar raízes.
O mundo está esperando para ver se Jong-Un será um testa de ferro ou um líder forte ao assumir o controle da nação armada nuclearmente, a partir do governo do seu pai, Kim Jong-Il, falecido há pouco tempo.
"Jong-Un já estabeleceu um controle sólido sobre os militares e as autoridades desde que foi consagrado como sucessor de seu pai em setembro do ano passado", disse Paik Hak-Soon do Instituto Sejong de Seul.
O filho, com vinte e poucos anos, foi apontado por militares seniores e membros do partido em setembro de 2010, abrindo caminho para a sucessão hereditária da terceira geração, depois que o falecido Kim sucedeu seu pai, Kim Il-Sung nos anos 1990.
Apesar da especulação sobre brigas pelo poder depois da morte de Kim, dia 17 de dezembro, Paik e outros analistas disseram que ele fez arranjos desde o começo de 2009 para garantir a presença do filho no exército e no partido.
A Coreia do Norte descreveu, na segunda-feira, Jong-Un como o "grande sucessor" depois de anunciar a morte de seu pai, ao 69 anos.
Kim Jong-Un deu sua primeira ordem aos militares, imediatamente após a morte de seu pai ser anunciada, na segunda-feira, em uma indicação de que ele já controlava as forças armadas, citou uma fonte do governo à agência de notícias Yonhap, da Coreia do Sul.
A primeira ordem em nome do general Kim Jong-Un dizia a todas as tropas para parar seus exercícios militares e voltar à base, informou a mesma fonte.
"Esta é uma evidência clara de que Kim Jong-Un garantiu um firme controle dos militares", disse a autoridade.
A mídia estatal pediu, diversas vezes, unidade em torno de Jong-Un, dizendo que "outro grande líder que nasceu pela Coreia", seguindo seu avô e seu pai.
"Isso indica, claramente, que Jong-Un já está consolidado no poder", disse Paik. "O regime parece estar bastante estável sob a nova liderança".
Cheong Seong-Chang, também do Instituto de Sejong e especilista em sucessão, disse que era inquestionável que Kim tinha um "apoio militar inabalável".
Paik disse que o filho assumiria os títulos oficiais de seu pai - chefe do partido do governo e presidente da poderosa Comissão de Defesa Nacional - e que o momento para isso acontecer era apenas uma questão técnica.
Com as duas posições, o falecido líder controlou tanto o partido e as forças armadas de 1,19 milhões de homens no país da "Songun" (a principal polícia militar).
Kim Tae-Hyun da Universidade de Chung-Ang de Seul concorda que Kim e seus aliados, incluindo seu tio Jang Song-Thaek, têm um firme controle do partido e do exército.
Jong-Un está solidificando ainda mais sua base de poder, mas precisará dos títulos de Kim Jong-Il, em breve, se perder a autoridade de seu pai e o carisma dele, disse Kim Yong-Hyun da Universidade de Dongguk, em Seul.
Ele disse que não esperava seguir o exemplo de seu pai de guardar um período de luto de três anos antes de assumir formalmente os principais postos.
Kim disse que o novo líder deve modificar a economia do país, que enfrenta uma crise de fome, para ter o apoio público recebido pelos dois predecessores.
O professor Yun Duk-Min do Instituto de Relações Exteriores e Segurança Nacional disse que a Coreia do Norte provavelmente abrirá a economia, dirigida pelo estado, na nova liderança.
Cheong do Instituto Sejong concorda que Jong-Un, que estudou na Suíça por quatro anos e meio e vê as economias de mercado em operação, provavelmente deve adotar abordagens pragmáticas mais que seu pai.
Pouco se sabe sobre o novo líder; até a sua data de nascimento é desconhecida. Cheong disse que é 8 de janeiro de 1983.
Muitos analistas concordam que a nova liderança deve adotar uma postura mais cooperativa nas negociações paralisadas sobre o desarmamento nuclear por causa das necessárias ajudas econômicas do próximo ano.
A Coreia do Norte prometeu construir um estado forte e própero em 2012, o centésimo aniversário de nascimento de Kim Il-Sung e prometeu garantir que sua população de 24 milhões de pessoas comam "arroz branco e sopa de carne".