Imigrantes fazem fila em uma cafeteria destinada a eles em Tijuana. Ilegais têm sido sequestrados por traficantes| Foto: Jorge Duenes / Reuters

Região de massacre é alvo de ataques

O Estado de Tamaulipas viveu uma acentuada escalada de violência no fim de semana. O caso mais grave é o da cidade de Reynosa, onde estão concentrados os trabalhos de investigação da chacina ocorrida em San Fernando e de perícia dos 72 mortos. A região também é cenário de sangrentas batalhas entre os narcotraficantes do Cartel do Golfo e do cartel Los Zetas.

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Veja onde está localizado o México
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São Paulo - Os dois brasileiros identificados entre as vítimas da chacina em Ta­­maulipas, no México, moravam em cidades vizinhas a Governador Valadares (MG), região no norte do estado conhecida por ser uma das principais exportadoras de mão de obra brasileira para os Estados Unidos.

Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, que teve o corpo reconhecido por autoridade mexicanas e bra­­sileiras, era de Santa Efigênia de Minas – com cerca de 4.500 mo­­­­­­radores – e Hermínio Cardo­so dos Santos, 24 anos, de Sardoá – com 5.500 habitantes. O passaporte de Hermí­nio foi en­­contra­do, mas seu corpo ainda não foi identificado.

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As duas localidades ficam a 10 quilômetros de distância. Tanto Juliard quanto Hermínio são de pequenas propriedades rurais distantes do centro dos municípios. Amigos e parentes dizem que os dois deixaram o Brasil há cerca de um mês e, desde então, não ha­­viam mais entrado em contato avisando onde estavam. A intenção dos dois, afirmam, era migrar para os Estados Unidos.

O Itamaraty avisou as famílias sobre o ocorrido na noite de sábado e está em contato direto com elas. O diplomatas do Brasil, de Hon­duras, do Equador e de El Salvador seguiram para Tamaulipas, onde ocorreu o crime. O objetivo é identificar os corpos das 72 vítimas. A previsão é que a identificação deve demorar até 15 dias, porque a maio­­­­ria das pessoas não estava com documentos, segundo informações da Agência Brasil. De acordo com a Procuradoria do Estado de Tamaulipas, até a noite de on­­tem, foram identificadas 41 vítimas.

Juliard juntou dinheiro para a viagem trabalhando como auxiliar de obras no Rio de Janeiro, segundo a prima dele, Rosângela Fernandes. "Ele queria melhorar de vida’’, diz, sobre a viagem para fora do país.

Hermínio, de acordo com o funcionário público Anóbio Batista, que é amigo da família do jovem, era trabalhador rural e cuidava da propriedade da família com os pais e duas irmãs. Uma outra irmã dele migrou para a Itália, onde vive há quatro anos. Batista diz que Her­­mínio era pouco visto na cidade porque permanecia mais tempo no campo.

A professora Rita Santos, amiga da família de Hermínio, diz que os dois mineiros se conheciam e foram viajar juntos para o México.

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Ela comenta que o rapaz tinha esse plano de viagem havia muitos anos e que as mortes dos dois são o "único assunto’’ na localidade no momento. Nenhum dos dois brasileiros mortos era casado nem tinha filhos.

Ajuda mineira

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), comprometeu-se, por meio da Secreta­ria de Estado de Desenvolvimento So­­cial, a prestar assistência aos familiares dos dois mineiros que estão entre vítimas da chacina no México.

A nota diz que o governo "fará o traslado dos corpos das vítimas a partir do desembarque no Brasil", além de oferecer "auxílio para os funerais". "O governador determinou à Secretaria de Estado de Desenvolvi­men­­to Social (Sedese) a prestação de assistência aos familiares das vítimas e assegurou que o Estado fará os esforços necessários junto ao Itamaraty, órgão do governo fe­­deral que tem a competência no re­­lacionamento entre o governo brasileiro e os países estrangeiros, para o atendimento dos familiares", disse Anastasia em nota oficial.

Imigração

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As duas cidades são vizinhas também de Gonzaga, terra do eletricista mineiro Jean Charles de Mene­zes, que acabou morto em 2005 no metrô de Londres pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista.

Os moradores de Sardoá e Santa Efigênia de Minas contam que, como não há muitas alternativas de trabalho na região, o plano de migrar para os Estados Unidos acaba se tornando muito comum.

"As pessoas acabam seguindo o caminho dos parentes que já estão por lᒒ, diz o desempregado Moa­cir Costa, 33, de Sardoá. No entanto, com a crise econômica mundial de 2008, a quantidade de pessoas que tentam migrar diminuiu, contam os moradores.

Os mexicanos vivem um período de alto índice de criminalidade. Grandes grupos de traficantes dividem o controle do território. Além do confronto entre eles mesmos, es­­ses grupos realizam sequestros e assassinatos, atemorizando a po­­pu­­lação do país. O go­­verno do presidente Felipe Calde­rón conta com a ajuda dos Estados Unidos na tentativa de controlar a criminalidade.