A tensa caçada por uma jovem armada que fez ameaças à escola de ensino médio Columbine terminou nesta quarta-feira (17) perto da base de uma montanha a mais de 64 quilômetros a oeste da escola, que foi palco de um massacre cometido por dois alunos em 1999. Sol Pais, uma jovem de 18 anos que era o alvo da perseguição que levou quase 20 horas, foi encontrada morta por um ferimento à bala aparentemente feito por ela mesma, disseram autoridades.
Não está claro por quanto tempo ela estava morta quando foi encontrada, e se ela estava fugindo da lei no momento de sua morte. O xerife do Condado de Jefferson, Jeff Shrader, disse que as autoridades não acreditam que ela estava trabalhando com cúmplices.
Pais viajou de sua casa na Flórida para o estado americano do Colorado nesta semana. Após a sua chegada, ela comprou uma escopeta em uma loja de armas perto da Columbine High School e, aparentemente, desapareceu.
As ameaças feitas por Pais causaram um bloqueio nas escolas públicas do condado de Jefferson na terça-feira e, na quarta-feira, os oito maiores distritos escolares do estado foram fechados. Mais de 400.000 alunos foram impactados, somando-se ao que já era uma semana estressante para a comunidade: o 20º aniversário do tiroteio de 1999 na Columbine High School é no sábado.
"Estamos acostumados com as ameaças, francamente, em Columbine. Essa parecia diferente", disse John McDonald, chefe de segurança e proteção do distrito escolar. "Era diferente."
Enquanto as crianças permaneciam em casa, a polícia espalhou-se pelo estado em busca de Pais. O FBI promoveu a hashtag #FindSol (Encontrem Sol), para buscar informações sobre o paradeiro da adolescente. Enquanto isso, a casa dos pais dela na Flórida estava sendo revistada.
Diário online
Um homem que se identificou como pai dela disse ao Miami Herald sobre a sua filha: "Acho que talvez ela tenha um problema mental". Os pais da adolescente relataram o desparecimento de Pais na noite de segunda-feira, depois de perder o contato com ela no domingo.
Postagens online e um diário que parece ter sido escrito por Pais indicam que no ano passado ela estava lutando contra um forte sentimento de isolamento e raiva.
Em um texto datado de 15 de janeiro, Pais – cujo nome online é "Dissolved Girl" (Garota Dissolvida) – insinuou que ela poderia realizar um ataque. "Meus pontos de vista e pensamentos estão se tornando mais extremos e solidificados com o passar do tempo", escreveu ela no diário de seu site pessoal. "Eu me sinto como uma panela de água fervente a ponto de transbordar".
No final de março, Pais escreveu em um fórum online sobre armas, perguntando como ela poderia adquirir uma arma no Colorado se ela vivesse em outro estado.
“Olá pessoal", ela escreveu. “Residente da Flórida aqui. Estou planejando uma viagem para o Colorado no próximo mês mais ou menos e quero comprar uma escopeta enquanto estiver lá e queria saber, que restrições se aplicariam a mim? Eu encontrei alguns vendedores particulares de quem eu poderia querer comprar. Obrigado por ler, agradeço sua resposta!"
Vários usuários responderam com conselhos. "Antes de mais nada, obrigada por dedicar um tempo para responder a minha pergunta tão detalhadamente – eu realmente agradeço", ela escreveu. "Eu tenho tudo planejado, tenho amigos vindo comigo que possuem armas e sabem o que estão fazendo".
"Columbiners"
O interesse de Pais em Columbine está longe de ser um fenômeno novo para os departamentos policiais no Colorado. O ataque de 1999 tem sido motivo de intenso interesse online para indivíduos conhecidos como "Columbiners", que são obcecados por registros de investigação, plantas da escola e textos dos atiradores que se tornaram públicos.
Sabe-se que dezenas de atiradores de escolas, incluindo os assassinos da Sandy Hook Elementary School e da Virginia Tech, estão entre essas pessoas obsessivas. Eles adoram publicamente ou privadamente os atiradores de Columbine, Eric Harris e Dylan Klebold, que mataram 12 de seus colegas e um de seus professores em 1999.
"As pessoas se identificam com eles porque veem Columbine como um caso de estudantes oprimidos se levantando contra seus opressores, os valentões", disse Peter Langman, um especialista em psicologia que estuda atiradores de escolas. "Essa é uma visão completamente equivocada sobre o que aconteceu em Columbine – mas é uma visão comum".
Enquanto o 20º aniversário do ataque se aproximava, o Distrito Escolar Público do Condado de Jefferson percebeu um aumento nas ameaças e mensagens perturbadoras, muitas vezes na forma de e-mails para a escola ou telefonemas para o centro de atendimento 24 horas administrado pela equipe de segurança do distrito.
Mais de 150 pessoas por mês foram interceptadas no estacionamento de Columbine, tentando tirar fotos da escola ou entrar nela. Enquanto a maioria dessas ameaças e invasores foi considerada inofensiva, as ameaças de Pais foram consideradas muito mais sérias.
John Nicoletti, um psicólogo que trabalha como consultor das Escolas Públicas do Condado de Jefferson, disse que a soma das ações de Pais – comprar uma passagem de avião, pegar o avião, comprar uma arma – revela "alguém que está comprometido em realizar isso. "
"O que nós queremos evitar é dizer que não achamos que essa pessoa esteja falando sério", disse Nicoletti. "Então, se eles fazem alguma coisa, como você explica isso?"
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