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Duas grandes cidades dos Estados Unidos, Filadélfia e Chicago, localizadas nos estados da Pensilvânia e Illinois, respectivamente, enfrentam um grave problema de aumento da violência que afeta principalmente os jovens com idades entre 15 e 18 anos. Segundo um estudo da revista médica JAMA Network, revelado em dezembro de 2022 e divulgado no começo deste ano pelo jornal americano New York The Sun, os jovens que residem em áreas mais perigosas dessas cidades têm maior probabilidade de serem baleados e mortos do que os soldados americanos que estavam atuando no Afeganistão ou no Iraque durante a guerra.
O estudo comparou as taxas de mortalidade por 100 mil pessoas por ano entre os combatentes norte-americanos e os jovens residentes nas regiões mais violentas da Filadélfia e de Chicago. Os resultados mostraram que um jovem americano que vive na região norte da Filadélfia, uma área violenta, tem 1,91 vezes mais risco anual de ser morto do que um soldado dos EUA que estava lutando no Afeganistão. Em Chicago, o bairro mais violento é o Parque Garfield, onde os jovens têm 3,23 vezes mais probabilidade de morrer vítima de um homicídio do que os militares dos EUA durante a guerra do Afeganistão.
Segundo o estudo, a média anual de mortes por 100 mil soldados americanos foi de 395 no Afeganistão e 330 no Iraque. Em comparação, em áreas violentas de Chicago, essa média é de 1.277, quase o dobro das taxas no Afeganistão e no Iraque juntos. Na Filadélfia, a média é de 756. Chicago, que enfrenta graves problemas de criminalidade há décadas, registrou 2,2 mil homicídios nos últimos três anos, o que equivale a cerca de dois assassinatos por dia. A taxa de homicídios em Chicago é de 29,66 por 100 mil habitantes, o que é maior do que a média dos EUA.
Os dados apontam uma série de fatores que podem estar relacionados ao aumento da violência nas duas cidades, como a redução dos orçamentos policiais, a escassez de agentes de patrulha, a venda de armas ilegais, a atuação de promotores progressistas que defendem medidas como a reforma policial e de abrandamento do crime, e o desinvestimento social nas áreas mais pobres e marginalizadas.
As cidades de Chicago e Filadélfia têm em comum o fato de serem governadas por políticos do Partido Democrata, tanto no nível estadual quanto municipal. O democrata Jay Robert Pritzker, eleito em 2018, é o governador do estado de Illinois, e o democrata Brandon Johnson é o prefeito de Chicago. Johnson assumiu o cargo em maio de 2023, sucedendo Lori Lightfoot, que também era uma democrata.
A Pensilvânia é governada pelo democrata Josh Shapiro, que venceu as eleições estaduais em 2022 e substituiu o também governador democrata Tom Wolf em janeiro deste ano. A Filadélfia tem como prefeito o democrata Jim Kenney, que está no cargo desde 2016. Ele será substituído em janeiro de 2024 por Cherelle Lesley Parker, igualmente do Partido Democrata, eleita no começo deste mês.
Ambas as lideranças, tanto no nível estadual quanto no municipal, defendem medidas progressistas para a segurança, como a reforma policial.
Segundo dados das polícias locais, ambas as cidades registraram um crescimento expressivo nos números de homicídios, tiroteios, roubos e outros delitos graves nos últimos anos.
Em Chicago, a criminalidade geral aumentou 36% desde 2021, e os roubos de carros aumentaram 43%. A cidade, que já tem uma reputação de alta violência armada, viu a tendência negativa se agravar desde que o prefeito democrata Brandon Johnson assumiu o cargo em maio.
Segundo informações do site Wirepoints, Johnson é um defensor do desfinanciamento da polícia e do abrandamento das leis criminais. O jornal cita que desde que assumiu o cargo, Johnson tem minimizado as ações de jovens infratores de Chicago, chamando-os de “crianças bobas”.
Dados divulgados pelo Wirepoints mostraram que o primeiro mês de gestão do prefeito Brandon Johnson em Chicago foi marcado por um aumento expressivo da criminalidade na cidade. Segundo os dados, coletados em um relatório da própria polícia de Chicago, entre 15 de maio (data da posse de Johnson) e 11 de junho deste ano, quase todos os crimes graves cresceram 38% na cidade em relação ao mesmo período do ano passado. Os roubos, os abusos sexuais e os tiroteios também registraram altas significativas. O destaque negativo foi para o aumento do roubo de automóveis, que disparou 153% em um mês da gestão de Johnson.
Conforme apontou os dados do Wirepoints, os números mostram que a política de desfinanciamento da polícia e de abrandamento do crime, defendida pelo prefeito, não está surtindo efeito e está colocando em risco a segurança dos cidadãos.
Sob a gestão do prefeito democrata Kenney desde 2016, a cidade da Filadélfia atingiu 500 homicídios em 2022, e quase 1,8 mil pessoas foram baleadas e sobreviveram. A violência armada na cidade permaneceu em níveis recordes pelo terceiro ano consecutivo. A polícia registrou 499 homicídios em 2020 e 562 homicídios em 2021.
A violência tem gerado preocupação e indignação entre os moradores das duas cidades, que veem o crime, as drogas e a segurança pública como um dos maiores problemas locais. Políticos locais do Partido Republicano e críticos culpam as medidas progressistas dos prefeitos e os promotores distritais democratas pela situação caótica e pedem medidas mais duras para reprimir o crime nas cidades. Os prefeitos, por sua vez, têm defendido suas políticas e atribuem a violência a um sintoma de “desigualdade e exclusão social”.
O promotor distrital da Filadélfia é Larry Krasner, do Partido Democrata, que chegou a enfrentar um processo de impeachment movido por deputados estaduais do Partido Republicano, que o acusaram de contribuir para o aumento da criminalidade na cidade.
Krasner, que segundo informações do jornal americano New York Post, teria recebido financiamento durante suas campanhas para o cargo de uma fundação ligada ao bilionário George Soros, é conhecido por suas políticas progressistas, que envolvem o não indiciamento de indivíduos acusados de crimes de roubo ou furto considerados como “pequenos”.
No pedido de impeachment, os republicanos alegaram que o procurador havia cometido um "mau comportamento no cargo" e pediram que ele fosse julgado pelo Senado estadual. Krasner negou as acusações na época e disse que estava sendo “alvo de uma perseguição política”. O pedido de impeachment do promotor foi barrado por meio de uma decisão de um tribunal local que o considerou como “improcedente”.
A atual promotora do condado de Cook, onde fica localizada a cidade de Chicago, é Kim Foxx, do Partido Democrata. Segundo o New York Post, a campanha de Foxx para o cargo em 2016 e 2020 também recebeu doações enviadas por George Soros através de instituições progressistas.
Foxx é conhecida por sua defesa de políticas progressistas e por ter anunciado em 2017 que os promotores de seu condado não solicitariam mais a prisão preventiva para indivíduos acusados de crimes considerados como “não violentos” e de “baixa gravidade” nos tribunais locais.