Manifestantes gregos penduraram cartazes nesta quarta-feira (17) na Acrópole e convocaram protestos em toda a Europa, no 12º dia de distúrbios na Grécia, iniciados com a morte de um adolescente pela polícia.
"Resistência", dizia um dos dois cartazes cor-de-rosa em grego, alemão, espanhol e inglês, abertos pelos manifestantes sobre as colunas de pedra da antiga cidadela que domina Atenas. "Quinta-feira, 18/12, manifestações em toda a Europa", dizia o outro.
A morte de Alexandros Grigoropoulos, 15 anos, se somou à insatisfação popular com o desemprego, a crise econômica e a corrupção, gerando a pior onda de protestos no país nas últimas décadas.
"Escolhemos este monumento à democracia, este monumento global, para proclamar nossa resistência à violência estatal e exigir direitos na educação e trabalho", disse à Reuters um manifestante não-identificado. "(Queremos) passar um recado globalmente e em toda a Europa."
Já houve manifestações de solidariedade em lugares tão distantes quanto Moscou e Madri. Alguns políticos europeus, inclusive o presidente da França, Nicolas Sarkozy, manifestaram o temor de que a instabilidade se espalhe, alimentada pelos problemas econômicos.
A poderosa entidade industrial grega SEV pediu a instalação de um governo forte, depois das críticas ao primeiro-ministro Costas Karamanlis pela aparente omissão de seu gabinete conservador em relação aos primeiros distúrbios.
"A turbulência econômica está aí e vai piorar nos próximos meses", disse o presidente da SEV, Dimitris Daskalopoulos. "O país precisa de um governo forte, confiável e moderno."
Cerca de 2.000 manifestantes de esquerda fizeram uma passeata na quarta-feira em Atenas, gritando que "os ricos não fazem sacrifícios".
Outros ocuparam a sede da central sindical GSEE exigindo a libertação de ativistas detidos. Em geral, porém, os protestos perderam força nesta semana.
Centenas de carros e lojas foram destruídos em dez cidades na semana passada. Só em Atenas, estima-se que 565 estabelecimentos tenham sido danificados, com prejuízos de 200 milhões de euros, além de uma redução de 1 bilhão de vendas no faturamento do comércio neste período de fim de ano.
Haverá mais protestos nesta quinta-feira, quando funcionários públicos ligados à central sindical Adedy devem parar por três horas em protesto contra as políticas públicas e a morte do adolescente.