O líder oposicionista Juan Guaidó se declarou presidente interino da Venezuela nesta quarta-feira (23). Atualmente presidente da Assembleia Nacional, Guaidó realizou o ato diante de milhares de manifestantes, em dia de protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro no país.
O parlamentar de 35 anos levantou sua mão direita e disse que estava "assumindo formalmente a responsabilidade do Executivo nacional". Dezenas de milhares de pessoas marcham no país pedindo a queda de Maduro, que assumiu um novo mandato duas semanas atrás.
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“Sabemos que isso vai ter consequências. Mas não vamos permitir que se desinfle esse movimento de esperança, que seguirá ainda por dias, semanas ou meses, e por isso peço a todos os venezuelanos que juremos como irmãos que não descansaremos até alcançar a liberdade”, afirmou Guaidó.
O presidente da Assembleia Legislativa anunciou que, no próximo fim de semana, serão apresentados o plano de anistia e o programa para a transição que se dará caso seja possível remover Nicolás Maduro do cargo. Contou que a Assembleia Nacional esteve trabalhando "incansavelmente" nesse projeto nos últimos dias.
Disse que contava com o apoio do "chavismo dissidente" e que não haveria perseguição num momento "de união para o bem de nosso país".
Afirmou que no próximo domingo, a Venezuela seria já um outro país e pediu que todos o acompanhassem cantando o hino nacional, que começou então a ser executado.
Por volta das 11h locais, porém, o Tribunal Supremo de Justiça, ligado a Maduro, declarou que a Assembleia Nacional atacava a Constituição "ao tentar usurpar o poder do presidente da República".
Também disse que o órgão não tem autoridade para escolher representantes em organismos internacionais, como a Assembleia Legislativa fez na terça-feira (22), nomeando um representante para a OEA (Organização dos Estados Americanos), que aliás já viajou hoje para um encontro com o secretário-geral, Luis Almagro.
O Tribunal voltou a declarar que as atitudes do parlamento são nulas e que atentam contra a Constituição. "A Assembleia segue violando o texto constitucional e portanto continua sendo considerado que está em desacato", disse Juan Jose Mendoza. Terminou sua fala dizendo, ainda, que o Ministério Público do país estava encarregado de fazer as acusações formais contra a Assembleia, nos próximos dias.
Reconhecimento
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reconheceu Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela. Pelo Twitter, Bolsonaro afirmou que o Brasil “apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela”.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, usou sua conta no Twitter para parabenizar o oposicionista Juan Guaidó por assumir como "presidente interino" da Venezuela. A declaração do líder da OEA vem pouco após Guaidó se declarar líder interino do país, em desafio ao presidente Nicolás Maduro, que assumiu seu novo mandato há duas semanas. Guaidó "tem nosso reconhecimento para impulsionar o retorno do país à democracia", afirmou Almagro.
Mais cedo, o secretário-geral da OEA condenou a repressão do "usurpador" Maduro e afirmou que a população local "reclama por sua liberdade e contra a tirania", além de defender o direito de protestos e manifestações públicas no país.
Apoio da Casa Branca
Logo em seguida, a Casa Branca anunciou que o presidente Donald Trump reconheceu oficialmente Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
Em comunicado, Trump afirma que, fazendo uso de seu posto "legítimo" eleito pelo povo venezuelano, a Assembleia Nacional invocou a Constituição local para declarar o presidente Nicolás Maduro como "ilegítimo", o que deixaria a presidência vaga. "O povo da Venezuela tem se pronunciado de modo corajoso contra Maduro e seu regime e exigido liberdade e o Estado de Direito", afirma a nota da Casa Branca.
Trump afirma que continuará a usar "todo o peso do poder econômico e diplomático dos Estados Unidos para pressionar pela restauração da democracia venezuelana". Ele diz ainda que encoraja outros governos do Hemisfério Ocidental a reconhecer Guaidó como presidente interino e trabalhar de modo construtivo com eles em apoio aos esforços do parlamentar para "restaurar a legitimidade constitucional".
"Nós continuamos a considerar o ilegítimo regime de Maduro como diretamente responsável por quaisquer ameaças que possam se apresentar à segurança do povo venezuelano", afirma Trump. A nota termina citando declaração anterior do próprio Gaidó, segundo a qual a "violência é a arma do usurpador" e há apenas uma ação clara a ser feita: "seguirmos unidos e firmes por uma Venezuela democrática e livre".
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