Risco
Para EUA, colônias colocam em dúvida compromisso pela paz
Alguns israelenses consideram um grande risco à segurança abrir mão da Cisjordânia, que abrange as montanhas sobre a parte central de Israel. Muitos judeus religiosos veem o território como seu centro bíblico. O assunto dominou as discussões de paz que ocorrem atualmente, mediadas pelos EUA. O secretário de Estado, John Kerry, disse que as construções alimentam os questionamentos sobre o compromisso de Israel com a paz. Kerry e autoridades europeias advertiram que Israel pode enfrentar um isolamento e pressões econômicas se as negociações de paz falharem e os assentamentos crescerem.
Paira no ar a dúvida sobre o que acontecerá se a Cisjordânia se tornar de fato território de Israel. Com 6 milhões de judeus e 2 milhões de cidadãos árabes dentro de Israel, a fusão com a Cisjordânia não se parece muito com um "Estado judeu".
Nos dois lados, há quem acredite que a situação não tem mais volta e o nervosismo com essa perspectiva leva alguns israelenses a tomarem posições radicais que seriam consideradas improváveis há apenas alguns anos.
550 mil israelenses vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental em meio a 2,5 milhões de palestinos. As áreas vizinhas foram tomadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
14 mil apartamentos foram planejados por autoridades israelenses, em 2013, para serem construídos em assentamentos. Os dados são do Peace Now, grupo israelense contrário às essas instalações.
Não são poucos os obstáculos que Yaakov Berg enfrenta quando tenta vender a linha premiada de vinhos da Psagot. Como negociante de vinhos produzidos em assentamentos judaicos da Cisjordânia, seu produto é considerado cada vez mais politicamente incorreto. "Mas não é apenas no exterior. Também acontece em Tel-Aviv", afirma Berg. "Temos grandes problemas. Na verdade, é quase impossível vender para restaurantes [na capital israelense]."
Enquanto Israel se esforça para combater as crescentes iniciativas na Europa para boicotar os produtos israelenses e empresas estabelecidas em assentamentos judaicos, uma campanha discreta e mais informal começa a surgir entre os próprios israelenses. Cidadãos que podem ter apoiado a paz, mas que também consideram os assentamentos sem grande importância começam a questionar por que Israel insiste nas colônias quando um raro consenso global contra elas beira à indignação.
Mesmo entre os israelenses que consideram a Cisjordânia como um território de Israel, começa agora a surgir um desconforto com o investimento continuado nas colônias ao invés de um esforço genuíno para resolver, por exemplo, a crise imobiliária interna e outros problemas sociais.
Embora não exista um movimento formal, o distanciamento do que se vende ou é produzido pelos judeus na Cisjordânia é real, cada vez mais evidente e engloba uma variedade de itens que vai de vinhos à produção de orgânicos e cosméticos feitos com água do Mar Morto.
Alguns acadêmicos evitam cooperar com colegas que trabalham em áreas ocupadas, atores têm-se recusado a atuar em teatros nas colônias e até mesmo reservistas do exército têm contestado participar de guardas em assentamentos. No Parlamento de Israel, deputados moderados têm pressionado por mais transparência no que se refere ao financiamento das colônias.
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