A comunidade judaica do Paraná repudiou a queima da bandeira de Israel durante passeata contra o conflito na Faixa de Gaza realizada na manhã de ontem, no Centro de Curitiba. O presidente da Federação Israelita do Paraná (FIP), Isac Baril, reconhece que a comunidade árabe tem todo o direito de se manifestar, mas avalia que a queima da bandeira israelense é uma afronta ao símbolo de um país democrático.
"Realmente, em função do respeito que existe entre as duas comunidades no Paraná, não esperávamos esse tipo de atitude. Não acredito que isso represente a vontade de toda a comunidade árabe, e sim de alguns manifestantes mais radicais isoladamente. Jamais um israelense faria isso com a bandeira de qualquer país ou com a bandeira palestina", afirma.
O diretor do jornal Visão Judaica e tradutor do livro "Assim nasceu Israel", Szyja Lorber, condena o que considera o acirramento dos ânimos locais. "O que parece é que tem gente tentando importar esse conflito para o Brasil, o que é lamentável", avalia. "O Brasil é resultado de uma mistura de etnias, e tem toda uma conformação cultural e social completamente avessa a esse tipo de coisa. Aliás, o Estado de Israel só foi criado graças ao esforço de um brasileiro", lembra Lorber, citando o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, que presidiu a Assembléia das Nações Unidas (ONU) que definiu a partilha da Palestina e a criação do estado de Israel.
O ex-chefe de gabinete do governo Jaime Lerner e membro da comunidade judaica do Paraná, Gerson Guelmann, diz que a manifestação dos árabes é a prova de como é bom viver no Brasil, onde há a livre manifestação do pensamento, mas deplora a queima da bandeira israelense e a escalada da tensão local.
"A comunidade judaica não tem o hábito de fazer isso. Lamentamos as mortes de ambos os lados e peço para que não se transporte esse conflito para cá, para que não se traga o ódio para dentro das fronteiras do Brasil", afirma. "Sou um cidadão brasileiro que professa a fé judaica, casado com uma mulher espírita e possuo uma casa de comida árabe. Isso é o retrato do Brasil, um país que acolhe todos sem conflitos e radicalismos", pondera.
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