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A comunidade judaica de Kaifeng, na China, está sofrendo repressão por parte do regime comunista do país, sendo impedida de praticar sua fé e suas tradições. A justificativa do governo de Xi Jinping é que o judaísmo não está entre as cinco religiões aprovadas pelo regime – budismo, taoísmo, islamismo, protestantismo e catolicismo. Além disso, Pequim teme uma possível influência estrangeira se a comunidade judaica de Kaifeng for autorizada a construir laços com judeus no exterior.

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A população judia da China está concentrada principalmente em Kaifeng, antiga capital histórica do país. Nos últimos anos, a repressão de Xi Jinping atingiu a pequena comunidade de judeus da China, cujos ancestrais se estabeleceram há mais de um milênio em Kaifeng.

A perseguição começou em 2015 como parte de uma campanha contra a influência estrangeira e qualquer religião não aprovada pelo Partido Comunista Chinês. As ações incluíram a derrubada de cruzes de igrejas e cúpulas de mesquita, além prisão de mais de um milhão de muçulmanos na região ocidental de Xinjiang.

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Repressão

Em Kaifeng, pedras gravadas desde 1489 com as crenças da comunidade judaica foram removidas do local que abrigava uma antiga sinagoga do século 12. Um antigo poço, que acredita-se o que sobrou da sinagoga, foi coberto com cimento. Placas em hebraico que marcavam o Caminho de Ensino da Torá também foram removidas.

Ainda em Kaifeng, um local onde judeus se reuniam para cultos religiosos agora está tomado por propagandas do regime, incluindo lembretes de que o judaísmo é proibido. O local também conta com uma câmera de segurança na entrada.

O regime fechou escolas que ensinavam hebraico e os preceitos judaicos e censurou exposições que documentavam a história dos judeus na cidade em um museu.

Pequena comunidade

A perseguição é direcionada a uma comunidade judaica pequena: apenas cerca de mil pessoas em Kaifeng reivindicam herança judaica. Desse montante, apenas cerca de 100 são judeus praticantes. A população total da China é de mais de 1,4 bilhão de pessoas.

“É uma política governamental – a China não quer nos reconhecer como judeus. O objetivo deles é garantir que a próxima geração não tenha nenhuma identidade judaica”, disse um aspirante a rabino, que não quis ser identificado, em entrevista ao jornal britânico The Telegraph.

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Tradição

As famílias judias da região mantêm as tradições e repassam sua história para as gerações mais novas. Mas as práticas representam riscos para os judeus chineses.

“Afirmar seus desejos de se conectar com sua herança judaica colide com a posição oficial do regime sobre religiões não autorizadas”, afirmou ao Telegraph Anson Laytner, rabino aposentado e presidente do Sino-Judaic Institut.

O medo está presente até mesmo nas festas de fim de ano: judeus da China celebram o Hanucá em segredo, sob risco de repressão do regime.

“Cada vez que comemoramos, ficamos com medo. O que quer que façamos, sempre tomamos muito cuidado para garantir que as autoridades não descubram”, comentou o judeu chinês Amir, cujo nome é fictício por medo de retaliação. “Amamos o nosso país; não somos criminosos. Por que temos que praticar nossa fé em segredo e viver à margem da sociedade? É muito difícil de suportar”, completou.