O juiz espanhol Eloy Velasco acusou, nesta segunda-feira, o governo da Venezuela de amparar a relação entre o grupo separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade) e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Segundo ele, as duas organizações colaboram para atentar contra o presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Velasco processa seis ativistas do ETA, a maioria exilados em Cuba e Venezuela, e sete membros das Farc por distintos delitos de colaboração e conspiração para cometer homicídios terroristas Segundo o magistrado, esses suspeitos realizam "diligências" que mostram a "cooperação governamental venezuelana na ilícita colaboração entre as Farc e o ETA".
O juiz nomeia Arturo Cubillas Fontán, membro do ETA, como uma das pessoas mais importantes na relação entre os dois grupos. Cubillas Fontán vive na Venezuela, onde em 2005 teve um cargo no Ministério de Agricultura e Terras. Segundo o documento do magistrado, a relação entre os grupos remonta a 1993.
Velasco assegura que ativistas do ETA treinaram em campos das Farc e que membros da guerrilha colombiana foram há anos para a Espanha a fim de, com ajuda do ETA, tentar matar o ex-presidente colombiano Andrés Pastrana e também o atual, Álvaro Uribe.
O juiz assegurou que o guerrilheiro das Farc Víctor Ramón Vargas Salazar, apelidado de "Chato", viajou à Espanha em 2000 para monitorar os movimentos da embaixada da Colômbia em Madri. Vargas Salazar informou, segundo Velasco, que atentar contra a vida de Pastrana seria fácil se houvesse ajuda do ETA.
O primeiro-ministro da Espanha, Jose Luis Rodriguez Zapatero, pediu nesta segunda-feira que a Venezuela explique as acusações de que o país cooperou com o ETA e com colombianos das Farc no complô para assassinar o presidente colombiano Alvaro Uribe enquanto ele estava na Espanha. "Estamos esperando pela explicação da parte do governo da Venezuela e o governo espanhol vão agir de acordo com a explicação e declarações que forem feitas pelo governo venezuelano", disse ele em Hanover, na Alemanha.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela rejeitou as acusações, chamando-as de "inaceitáveis" e dando a entender que as alegações são parte de uma campanha de difamação "politicamente motivada" cujo alvo é o governo do presidente Hugo Chávez.
O caso da colaboração entre o ETA e as Farc na Espanha foi aberto em novembro de 2008, quando a Promotoria apresentou um documento sobre o tema. A acusação se baseou em grande parte em e-mails apreendidos no computador do então número 2 das Farc, Raúl Reyes, morto em março de 2008 em um operação militar do Exército colombiano em solo equatoriano.
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