Um juiz americano autorizou nesta terça-feira a extradição de Manuel Noriega, ex-homem forte do Panamá, para a França a fim de que responda a acusações de lavagem de dinheiro. A extradição, segundo o juiz, deve ocorrer depois de o detento ter cumprido a longa pena de prisão a que foi condenado nos EUA pelo crime de tráfico de drogas.
A decisão, tomada pelo juiz William Turnoff, aparece após uma outra corte, em um caso julgado em separado, ter rejeitado na sexta-feira passada os argumentos dos advogados de Noriega de que seu status de "prisioneiro de guerra". Segundo prevê as Convenções de Genebra, significava que o detento deveria regressar imediatamente para casa após terminar de cumprir sua pena, em 9 de setembro.
"Esta corte expedirá um certificado de extradição a respeito do general Manuel Antonio Noriega", afirmou Turnoff ao final de uma audiência de 30 minutos realizada em Miami.
Segundo o juiz, o mandato de extradição seria expedido na quarta-feira. Noriega, de 73 anos, está preso nos EUA há quase duas décadas. Ele foi condenado por tráfico de drogas e extorsão após ter sido capturado pelas forças americanas que invadiram o Panamá em 1989.
Os advogados de Noriega haviam dito antes que pretendiam apelar a respeito do pedido de extradição vindo da França e que acreditavam na permanência do panamenho na prisão norte-americana para além de 9 de setembro por conta do julgamento dessa apelação.
Noriega depara-se com acusações muito mais sérias no Panamá do que na França. Ele já foi condenado à revelia em seu país natal pelos crimes de violação dos direitos humanos e assassinato, incluindo a decapitação, em 1985, de Hugo Spadafora, um destacado adversário dele. Mas os advogados do ex-comandante afirmam que ele deseja regressar para casa a fim de limpar seu nome.
Uma alteração recente feita no Código Penal do Panamá poderia permitir a Noriega que cumprisse os 20 anos de prisão a que foi condenado ali em regime de prisão domiciliar e isso porque já tem mais de 70 anos de idade. Se for considerado culpado do crime de lavagem de dinheiro na França, o panamenho poderia ser condenado a outros dez anos de prisão, agora na Europa.
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