O julgamento do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak será realizado em uma academia de polícia no Cairo e somente 660 pessoas, no máximo, terão autorização para presenciá-lo, mas a TV vai transmitir as sessões, informou neste domingo (31) o juiz responsável pelo caso
Uma fonte próxima a Mubarak -- hospitalizado desde abril, quando foi interrogado pela primeira vez -- afirmou na quinta-feira (28) que o advogado do ex-presidente dirá ao tribunal que ele está doente demais para poder comparecer ao julgamento, previsto para começar na quarta-feira.
Um comunicado informou que o promotor público enviou uma carta para o ministro do Interior, Mansour el-Essawy, na qual pede a presença de Mubarak. No hospital, uma autoridade afirmou que a saúde dele estava 'relativamente estável', mas seu estado psicológico vem piorando.
Se Mubarak se ausentar por doença, isso poderá irritar ainda mais os manifestantes que desejam um julgamento público.
Boa parte dos egípcios considera que a doença de Mubarak e sua detenção em um hospital no balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, são parte de um complô dos militares que governam o país para evitar humilhar publicamente seu ex-comandante. Mubarak não foi transferido ainda para uma prisão do Cairo onde seus dois filhos e outras autoridades aguardam julgamento.
'Nas palavras de Deus, se vocês forem julgar pessoas, vocês devem fazer isso com justiça,' disse em coletiva de imprensa o juiz Ahmed Refaat, que preside o caso contra Mubarak. O pronunciamento de Refaat acabou atrasando por causa do grande número de jornalistas interessados em obter informações sobre o caso.
Mubarak é acusado de vários delitos. O mais sério é o de conspiração para matar manifestantes durante o levante que levou à sua destituição do poder, em fevereiro. Se condenado, ele pode pegar a pena de morte.
Manifestantes e os egípcios de modo geral acusam Mubarak, que governou o país por 30 anos, de liderar um sistema corrupto que adotava como rotina a tortura de pessoas presas e esmagava a oposição. Eles o culpam pela morte de cerca de 850 pessoas que tomaram parte no levante contra o regime.
Mubarak será julgado com os filhos Gamal - que era considerado seu possível sucessor - e Alaa, bem como o ex-ministro do Interior, Habib al-Adli, o empresário e assessor Hussein Salem ,e seis autoridades policiais.
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