O presidente egípcio deposto Mohamed Mursi está sob investigação por uma série de acusações, incluindo homicídio, informou ontem a agência de notícias estatal, elevando a tensão no Egito à medida que os campos políticos opostos do país tomaram as ruas.
Atendendo a pedido do chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, por um mandato popular, milhares de pessoas protestaram em várias cidades egípcias, saudando a promessa das Forças Armadas de enfrentar semanas de violência provocadas pela derrubada de Mursi, em 3 de julho.
Partidários do líder islamita deposto fizeram manifestações contrárias para exigir sua volta ao poder, ignorando a ameaça de repressão pelos militares e prometendo não ceder a uma exigência do Exército para dar fim imediato aos protestos.
Uma testemunha disse à agência Reuters que milhares de ativistas pró-Mursi entraram em confronto com manifestantes pró-Exército em Alexandria (leia mais nesta página), a segunda maior cidade do Egito, com alguns manifestantes atirando pedras nas multidões a partir de telhados. Quinze pessoas ficaram feridas.
Sete manifestantes também ficaram feridos durante confrontos na cidade de Damietta, no delta do Nilo. No Cairo, helicópteros militares voavam baixo sobre a principal vigília em apoio a Mursi.
Há uma preocupação cada vez maior no Ocidente diante do curso tomado pelo país de 84 milhões de habitantes, uma nação pivô entre o Oriente Médio e a África e que recebe 1,5 bilhão de dólares por ano em ajuda dos Estados Unidos.
Mursi não é visto em público desde sua deposição e o Exército diz que ele está detido para sua própria segurança. Mas a agência de notícias Mena disse que o ex-presidente agora ficaria detido por 15 dias enquanto um juiz investiga uma série de acusações.
Hamas
A investigação se concentra em acusações de que ele conspirou com o grupo palestino islâmico Hamas para escapar da prisão durante o levante de 2011 contra o autocrata Hosni Mubarak, matando alguns presos e funcionários, sequestrando soldados e incendiando prédios.
Mursi havia dito que moradores o ajudaram a fugir da prisão durante os levantes de 2011 e a Irmandade Muçulmana rebateu as acusações levantadas contra ele.
Protestos simbolizam a cisão do Egito
Agência Estado
Dois manifestantes morreram e 33 ficaram feridos em uma série de protestos realizados ontem a favor e contra o presidente deposto Mohamed Mursi, informaram funcionários do Ministério da Saúde do Egito.
Manifestações gigantescas ocorreram ontem em diversas partes do país, ganhando corpo depois de a Justiça ter indiciado Mursi e de o chefe do Exército, general Abdul Fatah al-Sisi, ter pedido aos partidários do golpe "um mandato" para pôr fim ao "terrorismo e à violência" no país.
As mortes ocorreram em Alexandria, onde partidários da Irmandade Muçulmana, grupo político de Mursi, e do golpe, se enfrentaram perto da maior mesquita da cidade. A polícia dispersou o protesto com bombas de gás lacrimogêneo.
Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde, Khaled al-Khatib, dos 33 feridos, dez se machucaram em brigas no bairro de Shubra, no norte do Cairo e oito em Damieta. Houve choques também no bairro de Ramsés. Os dois grupos rivais trocaram acusações sobre o uso de armas de fogo.
Milhares de pessoas protestaram em várias cidades egípcias, saudando a promessa das Forças Armadas de enfrentar semanas de violência provocadas pela derrubada de Mursi, em 3 de julho.