Rafael Correa foi condenado a oito anos de prisão por suborno, mas a Bélgica lhe concedeu asilo político como refugiado| Foto: EFE/Mario Guzmán
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O presidente da Corte Nacional de Justiça do Equador, Iván Saquicela, negou nesta sexta-feira (22) que haja perseguição política contra o ex-presidente Rafael Correa, após pedir sua extradição, e se declarou “surpreso” por a Bélgica ter lhe concedido asilo político como refugiado.

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“Aqui não há nada mais do que uma pena de prisão por um crime de suborno”, disse Saquicela em uma coletiva de imprensa, depois de ter assinado na quinta-feira o pedido de extradição.

O magistrado lembrou que Correa tem uma pena de oito anos de prisão expedida pela Justiça equatoriana pelo crime de suborno e afirmou que seu dever é solicitar e processar o pedido de extradição, independentemente de o ex-presidente ter recebido asilo na Bélgica.

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A sentença foi proferida no âmbito do caso Suborno 2012-2016, um esquema em que foram recebidas contribuições indevidas no palácio presidencial de Carondelet para o financiamento irregular do movimento governamental Alianza País, em troca da atribuição de contratos milionários do Estado para empresas, incluindo a construtora brasileira Odebrecht.

No entanto, o asilo concedido pelo governo da Bélgica, a cuja resolução a Agência Efe teve acesso, é considerado por Correa e seus seguidores como uma prova da perseguição política que denunciam contra o ex-presidente.

Até o próprio Correa afirmou em sua conta no Twitter nesta sexta-feira que “a competência de Saquicela é antológica”, por formular a extradição quando já tem asilo assegurado.

Nesse sentido, Saquicela garantiu que o pedido de extradição “não se trata de questões políticas ou ideológico-políticas”.

“Trata-se de um crime de corrupção, que é processado internacionalmente. Por isso, solicitamos a extradição, em estrito direito, por crime de suborno como autor mediato (material)”, destacou o juiz.

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“Meu dever é ser um juiz independente e imparcial, além dos acontecimentos políticos. Não devo nada a nenhum governo, nem o do senhor Correa nem o do atual governo. Sou um juiz imparcial e sempre defendo a independência judicial”, acrescentou.

Sobre o asilo concedido a Correa pela Bélgica, o presidente da Corte Nacional afirmou não ter uma notificação oficial do mesmo e declarou estar “surpreso” pelo fato de o asilo político ter sido concedido.

“Nestas circunstâncias em que solicito a extradição, descubro que há quatro ou cinco dias aparentemente foi concedido um asilo político”, comentou.

Na resolução a qual a Efe teve acesso e datada de 15 de abril, o Comissariado Geral para Refugiados e Apátridas (CGRS) da Bélgica confirma que concedeu a Correa o status de refugiado no país de origem de sua esposa, Anne Malherbe.

Saquicela destacou que respeita o direito internacional público e as atribuições dos diferentes poderes do Estado, mas reiterou que continuará com o trâmite do pedido de extradição, independentemente da posição tomada pelo governo do Equador e do que a Bélgica finalmente decidir.

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Correa, que governou o Equador de 2007 a 2017, se instalou na Bélgica logo após o término de seu mandato, e não voltou ao país desde o início de 2018, quando começaram a ser abertos processos de investigação contra ele por acusações que sempre negou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]