O juiz federal Martin Feldman, do estado norte-americano da Louisiana, decidiu suspender a proibição de seis meses imposta pelo governo dos Estados Unidos à perfuração de poços em águas profundas no Golfo do México, abrindo uma porta para a retomada da exploração de petróleo e gás na região, que ainda sofre com o vazamento de óleo de um poço explorado pela British Petroleum.
A decisão de Feldman é referente a um processo aberto no início de junho pela Hornbeck Offshore, uma pequena companhia de serviços petrolíferos da cidade de Covington, na Louisiana. A empresa alegou que seria prejudicada pela proibição, decretada em 28 de maio pelo Departamento do Interior do país em resposta ao vazamento de óleo no Golfo. Outras companhias posteriormente uniram-se à Hornbeck Offshore e a empresa também recebeu apoio do estado da Louisiana.
Segundo Feldman, a Casa Branca banalizou o impacto econômico da moratória às perfurações e a decisão do governo "simplesmente não pode justificar o efeito incomensurável sobre os requerentes, a economia local, a região do Golfo e o atual aspecto crítico da disponibilidade doméstica de energia nesse país".
O magistrado acrescentou que a proibição "não parece ter sido especificada em fatos" e não leva em conta o histórico de muitas companhias que operam no Golfo do México. "Todos os aviões são um perigo porque um provocou um acidente?", questionou o juiz. "Todos os navios petroleiros, como o Exxon Valdez? Todos os trens? Todas as minas? Esse tipo de pensamento parece desastrado é um tanto quanto arbitrário."
A Casa Branca afirmou que contestará a decisão do juiz. "Continuar a perfurar nessas profundidades sem saber o que aconteceu não faz sentido", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, acrescentando que as questões de "segurança" são muito intensas e incertas para serem relevadas.
A decisão do juiz representa uma derrota para a administração Obama e para o secretário do Interior dos EUA, Ken Salazar. A Casa Branca disse que a "pausa" de seis meses nas perfurações no Golfo do México em profundidades superiores a 500 pés (pouco mais de 150 metros) era necessária para permitir que o governo e a indústria tivessem tempo para implementar novas regras e procedimentos de segurança que evitassem outro acidente como a explosão da plataforma Deepwater Horizon, ocorrido em 20 de abril.
A moratória, no entanto, esbarrou em forte oposição da indústria de petróleo e gás e de autoridades de regiões dependentes da produção de energia, como o governador do estado da Louisiana, Bobby Jindal.