A Justiça espanhola emitiu nesta sexta-feira (3) um mandato internacional para a detenção do ex-presidente catalão Carles Puigdemont.
Investigado por rebelião após liderar um processo separatista considerado ilegal por Madri, Puigdemont está em Bruxelas acompanhado de quatro de seus ex-conselheiros, onde tenta evitar a punição.
Ele havia sido convocado a depor na quinta-feira (2), o que se recusou a fazer, afirmando não haver garantias de um julgamento justo.
Outros oito membros de seu governo destituído foram detidos de modo preventivo. O crime de rebelião pode levar a 30 anos de prisão.
Plebiscito
Puigdemont e seu governo organizaram o plebiscito separatista de 1° de outubro, desautorizado pelo governo central, com participação de 43% do eleitorado catalão e 90% dos votos no "sim".
Em 27 de outubro, o Parlamento regional aprovou a criação de uma constituinte, o que foi entendido como uma declaração ilegal de independência. Madri destituiu o governo, dissolveu o Parlamento e antecipou as eleições para 21 de dezembro.
A juíza à frente do caso, Carmen Lamela, disse em seu mandato que Puigdemont se aproveitou do cargo para realizar o plebiscito separatista. Ele e seus aliados, afirmou Lamela, "utilizaram a força intimidatória e violenta dos setores independentistas da população, convocando à insurreição".
Bruxelas
Na segunda-feira (30), horas depois de ser oficialmente denunciado pelo Ministério Público, Puigdemont apareceu em Bruxelas, de onde agora se recusa a sair.
A juíza Lamela justificou a ordem de prisão sem fiança pelo fato de que o ex-presidente está em "paradeiro desconhecido". Ela recusou também a petição feita por Puigdemont para prestar depoimento por videoconferência -essa possibilidade, disse, não está disponível a quem se desloca a outro país "para não estar à disposição dos tribunais".
Puigdemont tem aparecido em Bruxelas em discursos e entrevistas. Ele já declarou que poderia concorrer a distância nas eleições regionais, fazendo uma campanha fora do país. "Estamos em um mundo globalizado."
Mas, mesmo se for detido, Puigdemont ainda poderá a princípio participar o pleito. O porta-voz do governo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, afirmou que os políticos detidos poderão concorrer, se não tiverem sido condenados.
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