A 24 horas da entrada em vigor da nova lei de imigração do Arizona, marcada para hoje às 12 h, uma juíza federal suspendeu temporariamente os pontos mais polêmicos da medida, que incendeia há meses o debate sobre reforma migratória nos EUA.
A decisão, comemorada pela Casa Branca, transformou em festa os protestos marcados para ontem em Phoenix, capital do estado, tomada por ativistas latinos de várias partes do país que, até ontem, estimulavam a "desobediência civil. Mas a governadora do estado, Jan Brewer, disse que recorrerá.
A lei SB1070 foi sancionada em abril e diz que policiais devem checar o status migratório de pessoas paradas ou detidas por qualquer motivo, desde que haja "dúvida razoável de que seja ilegal.
A ausência de definição para "dúvida razoável é o ponto mais controverso da lei, pois levanta temores de perseguição a latinos. Na decisão de ontem, essa parte foi suprimida da SB1070.
Também não vão vigorar ainda: a exigência de que imigrantes tenham sempre à mão documentos que comprovem status legal; a permissão para detenção sem mandado de suspeitos de ter cometido crime passível de deportação; e a criminalização estadual de solicitação de emprego por ilegais.
Fardo
A juíza Susan Bolton decidiu pela suspensão parcial após três processos um do Departamento da Justiça dos EUA serem iniciados contra a lei, em Phoenix.
"Há uma chance real de que autoridades prenderiam erroneamente residentes legais, escreveu. "Se aplicar esse estatuto, o Arizona imporá um fardo distinto, incomum e extraordinário em residentes legais, algo que só o governo federal pode fazer.
O presidente Barack Obama afirmou várias vezes ser contra a lei, que, diz, estimula a perseguição racial.
Para a Casa Branca, a decisão "ratifica corretamente a responsabilidade do governo federal de velar pelo cumprimento de leis de imigração.
Mesmo antes da entrada em vigor, a lei já provocara êxodo de indocumentados estima-se até 100 mil e levou a boicotes em todo o país a turismo e negócios locais. A expectativa é que a disputa chegue à Suprema Corte.