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Saddam Hussein

Julgamento começa na quarta-feira em meio a suspeitas de parcialidade

BAGDÁ - O ex-dirigente do Iraque, Saddam Hussein, que começa a ser julgado na quarta-feira por crimes contra a humanidade, recebeu ajuda de duas organizações que viviam denunciando seus desmandos no passado. A Human Rights Watch e a Anistia Internacional colocaram em dúvida a lisura do procedimento jurídico, alegando que o réu não tem condições de montar uma defesa adequada, que o tribunal tem influências políticas e condenou a possível aplicação da pena de morte.

"Temos sérias preocupações de que o tribunal não concederá as garantias de julgamento justo e isso inclui permitir que o acusado se defenda de maneira adequada," afirmou Richard Dicker, da Human Rights Watch.

O chefe da defesa de Saddam, Khalil al-Dulaimi, anunciou que vai contestar a legitimidade do tribunal, estabelecido em dezembro de 2003 pelas autoridades iraquianas supervisionadas pelo alto comando americano. Dulaimi vem se queixando que não consegue ter acesso ao seu cliente, não consegue interrogar testemunhas já questionadas pela promotoria e vem sofrendo restrições sobre a ajuda de advogados estrangeiros. Ele alegou que os 45 dias que lhe deram para montar a defesa são insuficientes, principalmente para uma acusação tão grave quanto a de crimes contra a humanidade.

Muitos observadores, incluindo fontes próximas ao tribunal, esperam que o julgamento seja interrompido no primeiro ou segundo dia para que o painel de cinco juízes examine as moções da defesa por um adiamento.

Saddam e sete ex-auxiliares serão julgados por vários crimes, entre eles o massacre de 140 xiitas na aldeia de Dujail depois de um fracassado atentado contra a vida de Saddam, em 1982. O caso de Dujail será o primeiro porque os promotores acreditam ter fortes evidências que poderão levar os réus à pena de morte.

Os críticos apontam suspeição no caso porque envolve a morte de xiitas ligados ao partido Dawa, banido sob o antigo regime, mas no poder atualmente com o primeiro-ministro Ibrahim Jaafari. Pelos estatutos do tribunal, condenados devem ser executados 30 dias após o fracasso da última apelação, o que poderá levar Saddam à morte antes mesmo de ser julgado por outros crimes. As demais acusações incluem a invasão do Kuwait, o genocídio de curdos e a repressão violenta a levantes de curdos e da maioria xiita.

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