O julgamento - o que está ocorrendo na cidade ocidental de Hagen - é um dos últimos do tipo na Alemanha| Foto: Reuters/Wolfgang Rattay

A Alemanha começou a julgar nesta segunda-feira (2) um homem de 92 anos que foi membro da Waffen SS pelo assassinato de um combatente holandês da resistência em 1944. Siert Bruins, que nasceu na Holanda mas tem cidadania alemã, entrou no tribunal de Hagen usando um andador, mas parecia alerta e atento no momento da abertura dos procedimentos.

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Nenhum pedido de apelação foi aberto no sistema judiciário alemão e Bruins não fez qualquer declaração. Seu advogado, Klaus-Peter Kniffka, disse após a sessão de abertura, que durou 35 minutos, que é improvável que seu cliente fale diretamente com os membros do tribunal.

"Provavelmente eu farei uma declaração de defesa, mas isso vai depender o curso do julgamento", disse ele aos jornalistas.

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O julgamento ocorre em meio a uma nova fase das investigações sobre o nazismo. A expectativa é que nesta semana os promotores anunciem que recomendam a acusação de cerca de 40 ex-guardas de Auschwitz.

As novas acusações contra os guardas dos campos de concentração acontecem após o caso do ex-funcionário da indústria automobilística John Demjanjuk, que morreu no ano passado enquanto recorria da condenação por cumplicidade de assassinato enquanto trabalhou em Sobibor.

Seu caso estabeleceu que guardas dos campos de concentração podem ser condenados como assassinos indiretos, mesmo que não haja provas específicas de atrocidades cometidas por eles.

Bruins, porém, estava há muito tempo no radar as autoridades judiciárias alemãs e já cumpriu sentença na década de 1980 por sua participação no assassinato de dois judeus holandeses durante a guerra. Bruins também foi condenado e sentenciado à morte à revelia na Holanda em 1949 no caso do assassinato de um combatente da resistência. Posteriormente, a sentença foi comutada para prisão perpétua, mas as tentativas de extraditá-lo não deram resultado porque ele obteve cidadania alemã por meio de uma política estabelecida por Hitler, que conferiu cidadania a estrangeiros que serviram no Exército nazista.

Ulrich Sander, porta-voz de uma organização que representa as vítimas dos crimes nazistas, disse à agência de notícias DPA que a decisão de levar Bruins novamente ao tribunal, apesar de sua idade avançada, foi boa. "Nós devemos deixar claro para o futuro que tais crimes são sempre levados ao tribunal, que assassinos nunca fogem."

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Apesar de sua idade, Bruins foi considerado apto para o julgamento, embora Kniffka tenha declarado que o estresse dos procedimentos o tenham enfraquecido.