Fotografia de Manning, na quinta-feira, 1º de agosto, segundo dia da fase de sentenciamento de seu julgamento| Foto: Reuters/James Lawler Duggan

O julgamento militar do soldado Bradley Manning pelos vazamentos ao site Wikileaks esteve submetido a estritas medidas de controle a jornalistas, tanto no acesso à informação como na transmissão das sessões, que aconteceram na base de Fort Meade (Maryland).

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O veredicto foi divulgado nesta terça-feira (30). Manning foi absolvido de "ajuda ao inimigo", mas considerado culpado por "espionagem".

Dezenas de jornalistas que cobriam a "hora da verdade" tiveram que transmitir a notícia de modo tradicional, correndo com notas manuscritas para os telefones, que precisavam ficar fora da sala de imprensa, para comunicar a notícia.

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A internet, como obrigavam as normas do tribunal militar, ficou bloqueada durante o julgamento para evitar que fosse transmitido ao vivo, especialmente em redes sociais como o Twitter, aplicando em algumas ocasiões até a legislação militar.

Especialmente na última semana, os jornalistas foram examinados com scanners. Telefones celulares, cartões de internet e todo tipo de dispositivo de gravação foram proibidos na sala de imprensa, que recebia as imagens do circuito fechado de televisão do tribunal.

Estas normas deixaram os jornalistas à mercê de uma conexão wi fi que raras vezes funcionava quando havia mais de 20 pessoas na sala e que fez lembrar o ditado "casa de ferreiro espeto de pau".

Jornalistas americanos e estrangeiros protestaram em várias ocasiões pelos principais centros de segurança e ciberespionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) não ter internet.

A paciência se esgotou na quinta-feira passada, por causa do maior número de jornalistas cobrindo a reta final do julgamento, quando os militares decidiram vigiar com dois guardas armados que olhavam acima do ombro as telas dos repórteres a cada cinco minutos.

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Durante o julgamento, que começou no dia 3 de junho e passou por uma fase preparatória de um ano, a observação sobre Manning contava só com um pequeno grupo de jornalistas, parte deles defensores de Manning, como a independente Alexa O'Brien ou o desenhista Clark Stoeckley, que chegava todos os dias na base em uma caminhonete com um enorme logotipo do Wikileaks.

Apesar do compromisso sobre o papel com a transparência, no julgamento de Manning a juíza militar Denise Lind se negou fornecer transcrições oficiais do processo ao público e durante meses não foi possível acessar os documentos do sumário. Enquanto isso vários testemunhos foram realizados a portas fechadas para proteger informação confidencial.

A incompreensível dissimulação das autoridades militares em Fort Meade na hora de planejar o acesso à internet da imprensa credenciada contrasta com o cuidado da segurança nesta base, onde um motorista perdido que acabe em uma das entradas "só para empregados" da NSA seria interrogado durante vários minutos até confirmar a identidade e o plausível álibi da distração.

Apesar das normas, alguém conseguiu gravar a voz de Manning lendo sua declaração inicial, em que explicava os motivos queo levaram a vazar mais de 700 mil documentos confidenciais, uma tentativa de mostrar o lado mais humano do ex-analista no Iraque.

Para os mais críticos ao julgamento de Manning, que consideram o soldado de 25 anos um delator bem intencionado que quis revelar crimes de guerra, as aflições vividas em Fort Meade não são mais do que um sintoma das tentativas para assustar futuros denunciantes dentro do Pentágono e conduzir o modo como Manning é mostrado ao público.

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Como disse O'Brien, que assistiu todos os dias ao processo contra Manning, "se este julgamento tivesse sido televisionado, se pudessem ver quão sincero é Bradley Manning e seu caráter, a opinião pública sobre este caso mudaria dramaticamente".