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Iraque

Julgamento de Saddam recomeça sem o réu nem equipe de defesa

O julgamento de Saddam Hussein recomeçou nesta segunda-feira sem a presença do ex-ditador iraquiano, que está recebendo atendimento médico depois de passar mal por causa de uma greve de fome.

Advogados de defesa boicotaram a audiência de segunda-feira, protestando contra o que afirmam ser a recusa do tribunal em atender às exigências deles por um julgamento justo.

Aumentando ainda mais o grau de confusão que cerca o processo, agora perto do fim, Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam e ex-chefe dos serviços de inteligência iraquianos, recusou o advogado apontado que lhe foi escolhido pela corte e pediu para sair da sala de audiência.

- Estou aqui contra minha vontade - afirmou.

No domingo, depois de 16 dias de greve de fome, o ex-presidente iraquiano estava sendo alimentado por meio de um tubo. Segundo as Forças Armadas dos EUA, o estado de saúde dele não era grave.

O ex-líder de 69 anos ingeria café adoçado e alimentos líquidos. Saddam também recebia aconselhamento psicológico iniciado para convencê-lo a comer, disseram os militares norte-americanos.

O ex-ditador e outros sete co-réus são julgados devido ao suposto envolvimento deles na morte de 148 homens e adolescentes xiitas em 1982, em Dujail, depois de o então dirigente ter sido vítima de uma tentativa de assassinato. Os acusados podem ser condenados à morte por enforcamento.

O ex-presidente também deve ser julgado, a partir de agosto, por genocídio contra curdos durante a chamada campanha de Anfal, ocorrida no final dos anos 1980.

O julgamento de Dujail, que, nos planos de autoridades americanas e iraquianas, projetaria uma nova imagem de democracia no Iraque pós-guerra, viu-se manchado pelo assassinato de três advogados de defesa.

Saddam e Barzan realizaram várias declarações polêmicas na sala de audiência em meio a um processo que assistiu à renúncia de seu primeiro juiz presidente, que abandonou o cargo denunciando interferência política nos procedimentos.

Na segunda-feira, Barzan e o atual juiz presidente do caso, Raouf Abdel Rahman, travaram uma nova batalha verbal. Barzan, tido no passado como um dos homens mais temidos do Iraque, pediu a Abdel Rahman que suspendesse a audiência. O pedido dele foi negado.

- A decisão dos seus advogados de não comparecer diante desta corte visa apenas a chamar atenção dos meios de comunicação. Quero que o senhor se pergunte por quanto tempo o senhor e seus advogados continuarão fazendo esse jogo com a corte - afirmou.

O principal advogado de Saddam, Khalil al-Dulaimi, acusou oficiais das Forças Armadas dos EUA de alimentar o ex-ditador a força a fim de fazê-lo desistir da greve de fome.

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