Bagdá (Reuters) – Saddam Hussein discutiu com o juiz e se queixou dos "ocupantes" do Iraque no recomeço do seu julgamento, ontem, quando a promotoria ouviu a sua primeira testemunha. Mas, após menos de três horas de audiência, que incluiu a exibição de um vídeo com o depoimento de uma testemunha que já morreu, o juiz determinou uma suspensão de uma semana no processo, para permitir que um dos oito réus busque representação jurídica adequada.

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O ex-vice-presidente Taha Yassin Ramadan ficou sem defesa porque, desde a primeira audiência, em outubro, dois de seus advogados foram assassinados e um terceiro fugiu do Iraque após receber ameaças. Ramadan rejeitou o advogado nomeado pelo tribunal, e por isso o juiz Rizgar Mohammed Amin suspendeu o processo.

A próxima audiência está marcada para 5 de dezembro, apenas dez dias antes da realização das eleições parlamentares no Iraque, quando a violência da guerrilha deve aumentar. Vestindo camisa branca e paletó preto e carregando um Alcorão sob o braço, Saddam chegou atrasado ao julgamento, aberto no dia 19 de outubro e em seguida suspenso por 40 dias. "Trouxeram-me até a porta e eu estava algemado. Não se pode trazer o réu para dentro com algemas", disse Saddam quando Amin pediu que explicasse seu atraso. O juiz determinou que os oito réus tivessem as algemas retiradas antes de entrarem no plenário da corte.

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Saddam disse ainda que teve de subir quatro lances de escada porque o elevador estava quebrado no fortificado tribunal. "Contarei isso à polícia", respondeu o juiz. "Não quero que você conte a eles, quero que dê ordens. Eles são os invasores e ocupantes, e você tem de dar ordens a eles", reagiu Saddam, exaltado. Saddam também discutiu com o juiz sobre seus direitos e questionou o fato de os carcereiros terem-no impedido de manter lápis e papel na cela.