O presidente deposto do Egito, Mohammed Mursi, reapareceu em público ontem e desafiou a Justiça no Cairo. Réu em um processo por "incitação ao assassinato de manifestantes" durante protestos promovidos pela Irmandade Muçulmana em dezembro, o islamita reiterou sua legitimidade como presidente egípcio e contestou a legalidade da corte. Sua atitude fez o julgamento ser suspenso, com a retomada marcada para o dia 8 de janeiro de 2014.
Após se recusar a usar uniforme de réu, Mursi compareceu à primeira audiência do julgamento vestindo terno e aparentando boa saúde. Isolado numa jaula e acompanhado de outros 14 membros da Irmandade Muçulmana, também acusados, o presidente deposto falou aos juízes em tom de desafio. "Sou o presidente da República e este tribunal é ilegal", afirmou Mursi.
Hostilizado por parte dos presentes, inclusive "jornalistas" que cobriam a sessão, o chefe de Estado deposto reiterou as críticas ao governo interino liderado pelo presidente Adli Mansour e pelo ministro da Defesa, general Abdel-Fattah al-Sissi. "Foi um golpe de Estado militar, e os líderes deste putsch deveriam ser julgados", argumentou Mursi, que corre o risco de ser sentenciado à morte.
Foram as primeiras palavras em público pronunciadas por ele desde a deposição, em julho, quando tanques do Exército foram às ruas atendendo o chamado de milhões de egípcios que pediam a destituição de Mursi em protestos na Praça Tahrir.
Desde então, o país está dividido. Manifestantes ligados à Irmandade Muçulmana mantêm mobilizações há quatro meses exigindo sua restituição.
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