Pelo menos 30 pessoas morreram neste sábado (26) quando egípcios realizaram protestos contra a sentença de morte dada a 21 pessoas por participação num desastre num estádio de futebol, num episódio de violência que se soma à crise política enfrentada pelo presidente islâmico Mohamed Mursi.
Veículos militares e policiais cruzaram as ruas de Port Said, onde tiros foram ouvidos e manifestantes queimaram pneus, revoltados porque pessoas da cidades haviam sido culpadas por mortes no estádio no ano passado.
As manifestações em Port Said, um dos eventos mais sangrentos desde a queda de Hosni Mubarak dois anos atrás, ocorre um dia depois de demonstrações anti-Mursi na sexta-feira (25), onde nove pessoas foram mortas. O saldo de mortes dos últimos dois dias chega a 39.
As manifestações tornam mais difícil para Mursi, que foi criticado no ano passado por ampliar seus poderes e levar adiante uma constituição com inspiração islâmica, conseguir consertar uma economia cambaleante e esfriar os ânimos o suficiente para garantir uma eleição parlamentar sem percalços.
A votação está sendo esperada para os próximos meses.
O Conselho Nacional de Defesa do Egito, liderado pelo presidente Mohamed Mursi, condenou a violência nas ruas e fez um apelo por diálogo nacional para resolver as diferenças políticas, disse o ministro da Informação, Salah Abdel Maqsoud, após reunião do conselho.
O conselho, que inclui o ministro da Defesa, que é um general encarregado do exército, também pode considerar declarar estado de emergência ou toque de recolher em áreas de violência se necessário, disse Maqsoud.
O conselho pediu um "amplo diálogo nacional que conte com a presença de personagens independentes nacionais" para discutir as diferenças políticas e garantir uma eleição parlamentar "justa e transparente", disse o ministro em declarações televisionadas.
Apelos do presidente e de seu governo por diálogo nacional foram desprezados pelo principal grupo liberal de oposição, que acusa Mursi e seus aliados de ignorar quaisquer posições de oposição.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura